Espancado, líder dos sem-teto critica GCM de São José dos Campos (SP)
Ensaguentado e algemado (veja o vídeo abaixo), Guilherme Boulos, 29, coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) foi chamado de membro de "movimento do vandalismo" por guardas municipais de São José dos Campos (SP).
Boulos foi espancado pela GCM --ato testemunhado pela reportagem da Folha-- no último domingo (22) dentro do Centro Poliesportivo do Campo dos Alemães, durante o processo de reintegração do bairro Pinheirinho.
"Eu estava buscando organizar, em meio ao caos, uma assembleia com as famílias e buscar uma saída para abrigo. A GCM me mapeou e me atacou, chegaram já agredindo, falando em prisão e apontaram o revólver para mim. Falei que não havia motivos para me prender", afirmou Boulos.
Após a agressão, por volta das 16h, ele foi levado ao 3º DP da cidade. "Cheguei lá e a delegada me mandou para um hospital porque eu estava sangrando. Não tive ferimentos graves, mas fiquei com hematomas no rosto, perna, costas e barriga."
Boulos voltou para delegacia onde ficou detido por destruição de patrimônio público. Só foi solto, por volta das 20h, após os advogados do movimento pagarem R$ 700 de fiança.
A Folha, após testemunhar a agressão, procurou por Boulos no 3ë DP e a informação dada foi de que não havia ninguém preso.
"Está havendo sonegação de informação por parte da polícia e da prefeitura, que negam informações relatadas por moradores de que há mortos e feridos na operação", disse.
A prefeitura informou que vai apurar toda atuação da GCM durante o período da reintegração.
A prisão do militante foi filmada. No vídeo, não é possível ver o momento em que os guardas batem em Boulos. As imagens mostram, também, que uma pessoa de calça clara, nao identificada, agrediu guardas.
Boulos, que é filho do chefe de divisão de moléstias infecciosas do Hospital das Clínicas e coordenador de controle de doenças da Secretaria do Estado da Saúde, Marcos Boulos, é formado em filosofia na USP e deixou a casa dos pais, em um bairro nobre de São Paulo, para militar pelos sem-teto em 2002.
Hoje, ele mora com a mulher e duas filhas em Taboão da Serra (Grande São Paulo), em uma ocupação do movimento.
"A falta de moradia é um problema de primeira necessidade. As políticas federal e estadual de habitação não atendem a maior demanda de déficit habitacional, com renda e até três salários mínimos."
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