Blocos esbarram em burocracia para desfilar em São Paulo
Cada vez mais procurados pelo público, os blocos de Carnaval de São Paulo passam por uma verdadeira via crucis burocrática para desfilar. Não há legislação específica e, segundo a prefeitura, os grupos devem ter autorização da subprefeitura e da CET --que pode não liberar o trajeto.
Veja fotos dos da escola campeã do Carnaval de SP
Veja fotos dos desfiles do Carnaval de SP
Leia a cobertura completa do Carnaval
Na prática, o aval depende da relação com subprefeitos e de contatos políticos.
Sem autorização, o cordão do Kolombolo, que sai na Vila Madalena, foi interrompido pela polícia no domingo antes do Carnaval (12). "Desde 2002 lutamos dia a dia falando com a subprefeitura, mas falta vontade política, então desfilamos sem autorização", diz Renato Dias, fundador do grupo.
Já o bloco do Baixo Augusta acabou confinado em um estacionamento alugado. O organizador e empresário Alê Youssef, candidato a deputado federal pelo PV em 2010, diz que só conseguiu aval da subprefeitura após reunião articulada pelo secretário de Educação, Alexandre Schneider (PSD). Mesmo assim, não teve o trajeto liberado pela CET. A prefeitura disse que não iria comentar casos específicos.
"É ridículo. A gente não consegue celebrar o Carnaval em São Paulo. Ao contrario de Rio de Janeiro, Recife e Salvador que têm leis flexíveis, aqui a gente luta contra essa ultraburocratização."
Alessandro Shinoda-21.fev.12/Folhapress | ||
Foliões se divertem durante o Carnaval no bloco de rua Agora Vai, na Barra Funda, em São Paulo |
Também tiveram problemas com autorização os blocos Ilú Obá De Min e Saci da Bixiga. Este último foi liberado a três dias do desfile, após questionamento da Folha.
Inicialmente, a Subprefeitura da Sé respondeu aos organizadores do bloco que iria autorizar apenar os grupos com aval da SPTuris. A empresa, responsável pelos eventos da cidade, tem contrato com duas associações de blocos e dá infraestrutura e verba para seus desfiles. Em 2012, foram R$ 180 mil para cada uma.
As associações são fechadas e reúnem 28 grupos, considerados os blocos oficiais de São Paulo. A diferença em relação ao número de blocos registrados no Rio é gritante: lá são 425.
"A verba e a infraestrutura [da SPTuris] são mínimas, não dá pra colocar mais gente", diz o presidente da Associação das Bandas Carnavalescas, Candinho Neto.
Mariana Desidério-21.fev.12/Folhapress | ||
Centenas de foliões festejam com o bloco Agora Vai no Minhocão, em São Paulo |
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha