Repórter da Folha ferida no olho volta a enxergar
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone, 26, que foi atingida durante o protesto de ontem (13) por uma bala de borracha disparada por um PM voltou a enxergar na manhã desta sexta-feira (14). Ela foi ferida na região do olho direito. Além dela, outros seis repórteres da Folha foram atingidos durante a cobertura do protesto.
A jornalista está internada no hospital Sírio Libanês desde ontem e deve receber alta amanhã (15) pois ainda precisa passar por alguns exames e continuar com a medicação intravenosa. Giuliana levou pontos na pálpebra por conta do ferimento.
Os médicos disseram à repórter que os óculos de grau ajudaram a salvar a sua visão.
Giuliana disse que, ao ser atingida, seu maior medo foi perder o olho. Ela conta que ontem, devido ao grande hematoma, o médico não conseguiu examiná-la direito. "Hoje meu olho ainda está bem roxo e inchado, mas consegui enxergar. O médico disse que foi um milagre", conta.
A jornalista disse que o médico descartou o descolamento da retina. "Se eu tiver qualquer problema na retina mais para frente, o médico disse que vai ser mais fácil de tratar." Procurado, o hospital ainda não divulgou o boletim com o estado de saúde da paciente.
A AÇÃO
A jornalista conta que estava com colegas do jornal subindo a rua Augusta quando se deparou com a Tropa de Choque.
Ela diz que na sequencia foi abordada por uma pedestre que pediu informação de como chegar à avenida Paulista. "Falei para ela esperar pois tinha o tumulto e a orientei a entrar em um estacionamento para se proteger. Entrei com ela no local e sai novamente para ver se eles [policiais] tinham ido embora. Eles entraram no caminhão e voltei para falar para mulher que ela podia sair. De repente, eles saíram de novo. Não entendi o motivo".
Giuliana conta que um policial, que estava a cerca de 20 metros de distância, mirou em sua direção e disparou. Ela conta que estava com o crachá da Folha pendurado no pescoço, mas acredita que o policial não tenha visto a identificação. "Não estava protestando, não tinha nenhum manifestante na rua em confronto. Ele simplesmente apontou a arma na minha direção e atirou. Eu estava na porta do estacionamento, na calçada."
Para a jornalista, o policial teve a intenção de atingi-la. "Eu não estava filmando, não estava tirando foto. Estava apenas na rua quando ele disparou", afirma.
Giuliana conta que cobriu os protestos de terça-feira (11) e de ontem e que a violência por parte da polícia estava maior no último protesto. "A situação estava fora de controle. Na terça, existia confronto. Ontem, as pessoas pediam para não haver violência e mesmo assim a PM jogou bombas e atirou com balas de borracha".
Para a Folha, o secretário Fernando Grella Vieira (Segurança) afirmou ontem: "Eu me solidarizo e lamento o episódio. Quero dizer que vamos apurar o ocorrido. Se ficar comprovado, vai haver responsabilização."
Diego Zanchetta/Estadão Conteúdo | ||
Giuliana Vallone, repórter da Folha, que foi atingida por um disparo de bala de borracha da tropa de choque da Polícia Militar |
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