'Fiquei muito indignado', diz ministro sobre tentativa de invasão ao Itamaraty
Depois da tentativa de invasão do Itamaraty na noite desta quinta-feira (20), o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) afirmou que o confronto entre manifestantes e policiais provocou "danos materiais bastante consideráveis" no prédio.
Além do Itamaraty, manifestantes picharam placas e três ministérios e apedrejaram a Catedral de Brasília e o Banco Central.
"Fiquei muito indignado com o que ocorreu", disse o ministro em entrevista à rádio CBN. Uma perícia será feita para avaliar o prejuízo e efetuar os consertos dentro do mais breve prazo.
Patriota não estava no Itamaraty quando manifestantes tentaram invadir o prédio, quebraram vidraças e lançaram cartazes em chamas. Segundo ele, a segurança já havia sido reforçada mas não se esperava que manifestantes atacassem o prédio. O ministro disse que ações como essa não podem ser aceitas.
"Este é um prédio que é um patrimônio da nação brasileira, um patrimônio público, que representa a busca do entendimento pelo diálogo, com base no direito. Este foi um ato de vandalismo que não pode se repetir", lamentou o ministro.
Além do Ministério das Relações Exteriores, também foram alvo de depredação e vandalismo outros prédios da Esplanada. Manifestantes jogaram pedras e trincaram vitrais da Catedral, que também teve a porta pichada com os dizeres "666 the number of the beast [o número da besta].
O Ministério da Cultura foi pichado com os dizeres "Liberdade aos presos. A rebelião se justifica" e o da Saúde com "Cadê Saúde?". No Desenvolvimento Agrário, escreveram numa placa "Povo no poder".
CONFRONTO
Depois de duas horas de manifestação sem conflitos em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que mantém posição para impedir o avanço do grupo.
Policiais militares que protegem o Congresso Nacional, em Brasília, arremessaram pelo menos dez bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão de 30 mil pessoas que participava do protesto em frente ao Legislativo. As bombas foram lançadas contra o grupo de manifestantes que agia pacificamente.
Pouco antes, um grupo mais radical lançava bombas contra os policiais. Essas bombas não provocaram ferimentos, já que elas se limitam a fazer um forte estrondo.
Com a ação da PM, a multidão se dispersou e começava a se concentrar em outros dois prédios públicos. Um grupo tomou controle da ponte que liga a pista da Esplanada ao Palácio do Itamaraty. Um pequeno cordão policial tentava impedir a entrada dos manifestantes no palácio, que é a sede do Ministério das Relações Exteriores.
Do outro lado da Esplanada, um grupo se concentrava em frente ao Ministério da Justiça. No gramado do Congresso, havia pelo menos quatro focos de fogo, provocado por fogueiras improvisadas pelos manifestantes com a queima de cartazes.
O clima geral entre os manifestantes é de raiva contra a ação da polícia. Antes do lançamento das bombas de gás, a maioria dos manifestantes vaiava a ação dos radicais. Um grupo chegou a se sentar no chão, em protesto contra os que provocavam os policiais.
Um manifestante foi encontrado já nas dependências da Câmara. Ele era assistido por quatro defensores públicos, deverá prestar depoimento e será liberado.
SEM IDENTIFICAÇÃO
Parte dos policiais militares que acompanhavam a passeata dos manifestantes na tarde desta quinta-feira (20) estava sem identificação, com nome e patente no colete. A PM estima que 30 mil pessoas protestavam na capital federal.
Questionado pela Folha, sargento diz que não está identificado "porque não quer".
Os manifestantes atiraram, no início da noite, duas bombas nos policiais que reagiram com spray de pimenta.
Além da tropa que faz uma espécie de cordão de isolamento na Esplanada dos Ministérios, a cavalaria e o Batalhão de Operações com cães tentam impedir a entrada dos manifestantes no Congresso.
A ordem é bloquear todos os acessos, inclusive os que levam às cúpulas da Câmara e do Senado. O coronel Jahir Lobo, chefe de Operações da PM, diz que poderia empregar até 3.500 homens na operação.
Para forçar os manifestantes a seguirem para o gramado do Congresso, evitando aproximação da marquise, policiais montaram uma barreira humana na diagonal.
A segurança aumentava a medida que os manifestantes se aproximavam do Congresso.
No gramado, onde já estão os manifestantes da linha de frente, um cordão de policiais militares busca impedir que o grupo chegue ao segundo espelho d'água.
Desafiando a resistência de partidos políticos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estão no gramado, acompanhados de quatro índios.
PAUTA
A pauta de protesto em Brasília é bastante variada. Muitas pessoas marcham com cartazes bem-humorados em punho. "Na Arábia Saudita, ladrão é decepado. No Brasil, é deputado", diz cartaz de manifestante.
Um dos posters mais originais faz referência à geração Coca-Cola: uma garrafa do refrigerante derrama manifestantes em frente ao Congresso. "A gente luta pelo que não tem. Minha mãe precisa de atendimento hospitalar público e não temos. Estou aqui por isso", diz o criador do cartaz, Hudson Limiro, 22.
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