Testemunha do caso Amarildo muda depoimento e acusa ex-comandante da UPP
Uma testemunha ouvida na última quarta-feira (11), na Divisão de Homicídios do Rio, mudou seu depoimento sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43.
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A testemunha acusa o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, de forçá-la a dizer que o pedreiro foi morto por um traficante. O major Edson Santos, que está de férias, nega a acusação.
"É estranho que ela diga agora que foi coagida. Logo depois de registrar o desaparecimento do filho envolvido com um traficante. O que tenho a dizer é que essas informações não são verdadeiras", afirmou o major Edson Santos.
Em um primeiro depoimento, ocorrido em julho, a mulher afirmou ter sido expulsa da Rocinha, na zona sul, pelo traficante Thiago da Silva Méris, 24, conhecido como "Catatau". O traficante teria dito que caso ela não saísse da favela, ele faria com ela "o mesmo que fez com o Amarildo".
Já no depoimento dado nesta semana, a testemunha disse ter feito esse relato a pedido do major Edson Santos, então comandante da UPP na Rocinha. Em troca, disse a testemunha, o major teria oferecido a ela pagar o aluguel de um apartamento fora da comunidade.
Na véspera da mudança de versão, a testemunha registrou o desaparecimento do seu filho de 22 anos na delegacia da Gávea (15ªDP). O titular da distrital, o delegado Orlando Zaccone, disse que a mulher contou que seu filho não foi mais visto após levar um carregamento de drogas a mando de "Catatau", da Rocinha para o Caju, bairro na zona norte, no início do mês.
No novo depoimento, a testemunha não acusa o major Edson Santos pelo desaparecimento de seu filho. As declarações contra o major se limitam à coação que disse ter sofrido pelo oficial da PM do Rio. O desaparecimento de Amarildo de Souza completa hoje dois meses.
"Esse registro de desaparecimento fez com que ocorresse esse novo depoimento na Divisão de Homicídios", disse Zaccone à Folha.
Além de Zaccone, os promotores Marisa Paiva e Homero das Neves acompanharam o novo relato da testemunha na Divisão de Homicídios.
A assessoria das Unidades de Polícia Pacificadora confirmou que há um Inquérito Policial Militar (IPM) em andamento que investiga o desaparecimento do pedreiro Amarildo. Já foram ouvidos 30 policiais militares e cinco civis.
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