Violência em atos reflete sofrimento do cidadão, diz ex-secretário
O antropólogo, cientista político e ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares publicou um vídeo em seu site pessoal com uma mensagem ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). No depoimento, ele critica a ação da PM nos protestos e questiona as prisões de manifestantes baseadas na nova Lei do Crime Organizado.
"Quem sou para dizer isso, mas ouso sugerir: vamos parar de ser hipócritas, de agir em nome da ordem e da legalidade, que acaba sendo simplesmente um teatro farsesco, que vai aprofundar esse abismo e inviabilizar completamente qualquer diálogo", disse Soares, ao se referir a ação das forças de segurança do governo nas manifestações.
"Que saída o senhor (Cabral) vai ter para manter grandes eventos ou impor a ordem na rua? Vai ser o sangue? Serão as ações armadas?", perguntou.
Soares avaliou que a violência nos protestos está relacionada a um ódio decorrente das injustiças sociais. As depredações refletiriam um clamor, "uma espécie de dor, de sofrimento" do cidadão. Por fim, ele indicou a solução que considera adequada diante dos protestos recorrentes registrados no Rio.
"Humildade, diálogo, reconhecimento da legitimidade desse grito e dessa dor. E recuo imediato em relação à utilização ditatorial, autoritária e arbitrária de recursos pseudo-legais, para calar essa juventude e criminalizar o movimento social. Esse é um caminho cujo fim nos leva ao precipício", concluiu Soares, que foi secretário de Segurança durante o governo de Anthony Garotinho (atual deputado federal pelo PR).
A assessoria de Sérgio Cabral informou que "o governador não comenta as declarações do ex-subsecretário de Segurança do Estado e ex-secretário de Prevenção à Violência de Nova Iguaçu".
Na última terça-feira, novos protestos terminaram em confronto com policiais militares e atos de vandalismo nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foram detidas 190 pessoas na capital fluminense e 56 na capital paulista, na ocasião.
Em São Paulo, o ato foi convocado por estudantes da USP, que invadiram a reitoria da universidade no último dia 1º e reivindicam eleições diretas para reitor. O ato, porém, atraiu também partidos de esquerda, movimentos sociais e "black blocs".
Na capital fluminense, o ato foi convocado por professores das redes municipal e estadual, que estão em greve desde 8 de agosto, e são contrários ao plano de cargos e salários da categoria proposto pela Prefeitura do Rio e aprovado pela Câmara de Vereadores.
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