Moradores entram em confronto com a PM durante reintegração de posse em SP
Moradores do Jardim Pantanal entraram em confronto com a Polícia Militar durante uma reintegração de posse na manhã desta segunda-feira na zona leste de São Paulo. A polícia acompanhou oficiais de Justiça durante a reintegração de dez terrenos que pertencem a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
Ao menos 150 famílias tiveram que deixar suas casas, segundo a CDHU. Para retirar os moradores, a PM jogou bombas de gás e efeito moral, além de spray de pimenta. Os moradores revidaram com pedras e morteiros. Ninguém foi detido.
O repórter-fotográfico do jornal "Agora" Rivaldo Gomes foi atingido na região lombar por estilhaços de uma bomba atirada pela Polícia Militar. Ele sofreu ferimentos leves e recebeu medicação. Não há informações de moradores ou policiais militares feridos. Ao menos um carro foi incendiado.
Uma das moradoras do local disse que a polícia foi truculenta durante a invasão. "Eles chegaram jogando bomba e derrubando tudo sem piedade", diz Kathleen Martins, 17, grávida de dois meses, que morava em um dos terrenos havia um mês.
"Tive que pedir autorização para o policial deixar eu tirar meu colchão e meu fogão", diz Carla Martins, 30, operadora de telemarketing. Ela morava em um cômodo com cinco filhos. Para construir o imóvel, ela gastou R$ 2.000 e, agora, diz que não tem para onde ir.
Os moradores disseram que não foram procurados por nenhum órgão estadual ou municipal para cadastro de moradia ou bolsa-aluguel.
A CDHU diz que os afetados precisam procurar a companhia para fazer o cadastro de moradia. A Prefeitura de São Paulo alegou que, como os terrenos pertencem ao governo do Estado, a assistência aos moradores cabe apenas à CDHU.
Após a reintegração, a companhia cedeu caminhões para levar os móveis dos desabrigados. Muitos foram levados para um galpão de um pastor da região e outros ficam nas calçadas da região.
"Disseram para mim que eu podia levar meus móveis para casa de parentes, mas meus parentes moram na Bahia. Não tenho para onde ir", diz Gilberto Bulhões Souza, 33, autônomo.
A CDHU afirma, ainda, que a invasão prejudica o processo de regularização fundiária do núcleo, o que vai garantir a cada morador a garantia do seu imóvel. Os locais invadidos serão usados para a construção de praças, ruas e escolas.
Na quinta-feira (17), houve confronto durante um protesto contra a reintegração de posse do terreno. Os manifestantes ainda fizeram bloqueios de vias e interrupção de trens.
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