Se deixarem, busco ratos, afirma Luisa Mell sobre maus-tratos contra animais
A ex-apresentadora de TV e protetora dos animais Luisa Mell, 35, uma das ativistas que invadiram na madrugada de sexta-feira o Instituto Royal, em São Roque (SP), e retiraram 178 cães da raça beagle, afirma que a ação só aconteceu porque os manifestantes tinham certeza de haver maus-tratos contra os animais.
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Mell, que será intimada com outros 19 participantes de ação já identificados pela polícia a prestar depoimento, diz que se o instituto permitisse iria "ainda hoje" buscar os ratos e os coelhos que não foram levados na sexta.
Ela afirma que, como o instituto é uma organização de interesse social e recebe verbas públicas, não poderia se negar a abrir todos os detalhes sobre suas pesquisas.
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Folha - Como estão os cães?
Luisa Mell - Uma que tenho próxima está muito gorda, com [problemas na] tireoide e vários tumores pelo corpo. Está com o baço aumentado e cicatrizes estranhas.
Vários têm picadas ao redor do focinho e soltam lágrimas amareladas. De forma geral, os beagles estão muito assustados, apáticos, comportamento típico de cães que foram maltratados [cientistas dizem que os sintomas são de estresse devido a ambiente e condições desconhecidos].
E há veterinários que não querem atender os animais com medo do terrorismo e das mentiras que criaram em torno dos cães.
A polícia quer ouvi-la.
Não tenho nada a temer e vou depor tranquilamente. A polícia acompanhou todo o processo, viu o resgate.
Tivemos a informação de um funcionário do Royal, que nos ajudou porque estava cansado de ver os animais sofrendo, que iam sacrificar todos os bichos naquela noite. Ouvimos choro dos animais e entramos em desespero.
Agimos dentro da lei para evitar uma situação de flagrante maus-tratos, o que deveria ter sido feito pelo poder público. Não sou uma maluca que sai invadindo os locais. Tenho ética e sou formada em direito.
Mas por que ficaram os ratos?
Não vi nenhum na hora da ação. Estava escuro e, quando viram um cão sem a pata, começou um desespero. Mas se o Royal abrir os portões, vou hoje mesmo buscar os ratos, os coelhos. Dou tudo o que tenho para salvar os animais.
O que de concreto se tem sobre maus-tratos lá dentro?
Tenho documentos que saíram do instituto que comprovam. Faziam testes infundados. Num deles, comparavam grupos de beagles que jamais tiveram acesso ao sol com alguns que cresceram tendo acesso ao sol. Isso é para a cura do câncer? É preciso isso para mostrar benefício da vitamina D?
O instituto recebe dinheiro público e mantém sob sigilo os serviços que presta, os clientes e os tipos de testes. Querem fazer barbaridades e não abrem informações.
Vão acontecer outras ações?
Acho que não. O importante é que a discussão sobre a necessidade de testes com animais se amplie. É preciso divulgar o quanto é possível agir de outras maneiras. O consumidor tem de saber que tipo de experimentos passou o produto que chega até ele.
Queremos conseguir a proibição dos testes com animais para cosméticos, o que o Royal nega fazer, mas faz. Desejo que o instituto seja punido, fechado e que haja transparência em tudo o que fez.
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OUTRO LADO
O Instituto Royal nega que os cães sofriam maus-tratos e que desenvolva pesquisas sobre cosméticos. Afirma que apenas fármacos são tema dos testes.
"Nossos cães eram muito bem tratados. Sempre receberam nosso carinho e todos os procedimentos eram feitos levando em consideração o menor dano possível", diz Silvia Ortiz, diretora do instituto.
Ela afirma que dados sobre pesquisas e clientes são protegidos por contrato e que raspagens e marcas nos animais são medidas necessárias para testes.
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