Celular permite a quase universalização da telefonia em favelas
Nas favelas brasileiras, é possível afirmar que a universalização do acesso à telefonia já é quase uma realidade, mas tal fenômeno se deu em decorrência da expansão do uso do celular. Apenas 9,5% dos domicílios das comunidades não dispunham do serviço --esse percentual era de 4,2% nas demais áreas do país, de acordo com o IBGE.
A diferença, entretanto, entre os lares que só possuíam telefone móvel era grande: nas favelas, 53,9% tinham apenas de celular, contra 32,8% das residências de demais regiões.
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A mesma disparidade persistia quando se analisava a presença tanto de telefone fixo como móvel numa mesma moradia. Nas favelas, apenas 32,1% dos domicílios dispunham dos dois equipamentos simultaneamente. O percentual subia para 57,3% nas demais áreas, segundo o IBGE.
Rute Imanishi, pesquisadora do Ipea especializada no estudo de favelas, o celular é um exemplo da expansão do acesso de moradores de comunidades aos serviços públicos "mais básicos". Ela ressalta, porém, que nem sempre a qualidade da distribuição de água ou da coleta de lixo, por exemplo, é a mesma registrada nas outras regiões da cidade.
"É inegável que a situação melhorou, mas ainda há muita desigualdade."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A pesquisadora cita, por exemplo, a pequena diferença na presença de bens, como TV e geladeira e serviços como educação (principalmente na frequência das crianças à escola), algo que "não ocorria num passado não tão distante".
A posse de geladeira e TV era muito similar tanto nos lares de favelas - 95% e 98%, respectivamente - como naqueles localizados em outras áreas - 98% no caso de ambos os bens. Já havia uma distância grande em relação ao número de domicílios com ao menos um automóvel - 48,1% de outras áreas, contra 17,8% nas favelas.
Em relação a bens e serviços mais caros ou ligados à tecnologia, persistia ainda um abismo entre as duas "faces" do país. Os lares que dispunham de computador com acesso à internet correspondiam a 48% dos localizados fora de áreas de favelas em 2010, contra 20,2% daqueles que se encontravam nessas comunidades. No caso da máquina de lavar, a diferença era 66,7%, contra 41,4%.
Ainda assim, diz Imanishi, as cifras correspondem a um avanço e indicam um acesso crescente. "Eu imaginava que a diferença fosse maior e que a grande maioria das pessoas usasse a internet em lan houses na favelas. Um percentual de 20% de domicílios conectados me pareceu razoável."
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