'Foi lamentável', diz Haddad sobre ação da Polícia Civil na cracolândia
O prefeito Fernando Haddad (PT) criticou a operação da Polícia Civil ocorrida na tarde desta quinta-feira na cracolândia, centro de São Paulo. Durante entrevista chamada às pressas, horas depois do confronto entre policiais e usuários de drogas, Haddad reagiu: foi 'lamentável'.
Na entrevista, ele estava acompanhado do secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, que estava na cracolândia na hora da confusão. Durante a operação, ao menos três pessoas foram feridas. Algumas chegaram a dizer que foram atingidas por balas de borracha, mas a Polícia Civil afirmou que não usa balas de borracha.
Em nota, a prefeitura afirmou que "repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química".
"[A ação] rompeu um diálogo muito produtivo que o município tinha com o governo. Coloca em risco todo um trabalho que vinha sendo feito há seis meses no local", disse Haddad.
Segundo a Folha apurou, policiais civis chegaram ao local por volta das 15h, em carros e com roupas civis, e fizeram a prisão de um rapaz. Um grupo protestou contra a prisão e atirou pedras e pedaços de pau contra os policiais, quebrando os vidros do veículo usado pelos policiais.
Cerca de 30 minutos depois, aproximadamente dez carros da Polícia Civil cercaram o local. Foram fechados dois quarteirões da alameda Barão de Piracicaba e os policias usaram bombas de efeito moral. Ao todo, cinco pessoas foram detidas.
O confronto durou cerca de 20 minutos. Segundo o governo estadual, um investigador da Polícia Civil também ficou ferido.
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Tanto a prefeitura quanto a Polícia Militar afirmaram que não sabiam da operação da Polícia Civil. A delegada Elaine Biasoli, diretora do Denarc (departamento de narcóticos), disse que foi uma ação comum para prisão de traficantes. Por isso, segundo ela, não havia necessidade de informar a Prefeitura de São Paulo ou a Polícia Militar.
Elaine negou que os policiais tenham feitos disparos de bala de borracha. Afirmou que apenas bombas de efeito moral foram usadas.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a ação foi legítima. "Houve resistência, três policiais foram feridos e três viaturas danificadas. Os policiais buscaram reforço e realizaram quatro flagrantes por tráfico de drogas. O Denarc não possui e não usou bala de borracha na ação", afirmou.
A cracolândia tem sido alvo de uma operação da prefeitura de ressocialização de usuários de drogas. A gestão Fernando Haddad (PT) está pagando R$ 15 por dia a cerca de 400 usuários da região em troca de trabalho em serviços de zeladoria, como varrição de parques da cidade.
O pagamento é feito com base no dia trabalhado, não por valor fechado no final do mês. Assim, caso a carga horária do dia não for cumprida, ele não recebe. Hotéis da região também estão sendo cadastrados pela prefeitura para abrigar usuários de droga.
Na semana passada, Haddad disse que a região estava ocupada pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) e pela Polícia Militar, e que todos estão orientados a não promover uma "política higienista" no local.
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