Medo da dengue leva escolas de SP a incluir repelente no material escolar
Com a recente explosão dos casos de dengue em SP, pais incluíram um item extra na mochila das crianças: o repelente. O pedido tem partido das escolas, para que o produto possa ser reaplicado ao longo do dia nos estudantes de período integral.
Um exemplo é a escola Kid´s Home, na Granja Viana, em Cotia (na Grande SP). Lá, a aplicação é feita logo que as crianças chegam e pouco tempo depois do almoço.
A analista Mariana Ramalho, 25, manda todos os dias o repelente para a filha Georgia, de 2 anos. "Mesmo no calor, tenho mandado ela de calça. Aplicamos o repelente umas seis vezes por dia." Segundo ela, na semana passada a escola enviou e-mail aos pais no qual informa sobre a importância do repelente.
Danilo Verpa - 3.mar.2014/Folhapress | ||
Com aumento dos casos de dengue, professora passa repelente em criança em escola em Cotia, na Grande SP |
Em outras escolas, como a UP School, no Alto da Lapa (zona oeste de SP), o uso de repelentes já faz parte da rotina das crianças desde o ano passado.
A diretora pedagógica Patrícia Lozano diz que a prevenção é feita como no caso do protetor solar.
"Todas as crianças tem uma nécessaire com esses itens. Cada pai envia a marca que é recomendada pelo seu pediatra para evitar qualquer tipo de reação na pele das crianças." O produto é aplicado duas vezes por dia para quem fica em período integral.
Algumas escolas não pedem o repelente, mas os pais colocam na mochila dos filhos por conta própria, após recomendação dos pediatras. É o caso da administradora Roberta Belém Cataldi, 41, mãe do Arthur, 1, e do Francisco, 4. Ela passa o produto em casa e depois pede para as professoras da escola reaplicarem ao longo do dia.
"Me assusta a ideia das pessoas estarem armazenando água por conta da crise hídrica e a possibilidade de não fazerem de forma segura", diz Roberta, que perdeu uma amiga por causa da dengue. "Não dá para brincar com a dengue."
O pediatra Thiago Gara, do Hospital São Luiz, diz que há vários produtos disponíveis no mercado e que os pais podem achar versões em spray e loção.
"É importante antes de usar fazer o teste em uma parte do antebraço da criança para ver se não tem alergia ao produto. Mas é possível encontrar várias opções hipoalergênicas."
Ele diz que os pais devem ficar atentos se a criança apresentar febre prolongada, manchas na pele e dor de cabeça. "Se a criança for muito pequena e não vai se queixar da dor, é importante observar a irritabilidade."
A dermatologista Denise Steiner, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, informa que os repelentes devem ser usados com parcimônia. "Não é um tipo de produto para se usar quanto quiser", diz.
Segundo ela, repelentes são vetados aos bebês de até seis meses. Entre essa idade e os dois anos, o ideal seria apenas uma aplicação diária.
Já a partir dos dois anos, os repelentes devem ser aplicados no máximo duas vezes por dia. A repetição pode causar uma absorção do produto na pele da criança, causando coceira, urticárias, bolhas, irritação na conjuntiva (membrana mucosa presente nos olhos) e angioedema (inchamento do rosto e lesões no corpo).
A médica ainda lembra que o produto não deve ser aplicado em áreas que ficarão cobertas por roupas. Usar repelente junto com protetor solar também não é indicado.
Há repelentes específicos para crianças, com concentração menor de substâncias como o DEET, composto químico presente nos repelentes e que pode ser nocivo à pele das crianças, ou compostos de óleo de citronela, óleo de eucalipto ou icaridina, menos nocivos.
INTERIOR
Levantamento feito pela Folha mostra que devido ao aumento dos casos de dengue, a situação é a mais crítica ao menos desde 2010 . Em 50 dos 645 municípios paulistas, a reportagem mapeou 44.140 infectados –casos confirmados, e não só suspeitos.
É mais que a quantidade registrada no Estado inteiro no primeiro bimestre de cada um dos últimos cinco anos.
Desde janeiro, 28 pessoas morreram em decorrência da dengue e há outras 38 mortes suspeitas em investigação. Na capital, são 563 casos e um óbito suspeito em apuração. Os dados do Ministério da Saúde, só sobre casos suspeitos, apontam 51,8 mil notificações em São Paulo até 14 de fevereiro, 900% mais que no mesmo período de 2014.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Colaboraram DANTE FERRASOLI E JULIANA COISSI
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