Jovem lutadora de sumô que compete pelo Brasil critica machismo
De olhos maquiados e voz doce, Camila Fukushima, 16 anos e 67 quilos distribuídos por um metro e sessenta de altura, não parece combinar com uma arena de sumô. "Acham que é esporte de gordo. Muitos nem sabem que tem categoria feminina", diz.
Ela não se cansa de esclarecer esses mal-entendidos sobre o esporte mais popular do Japão, mas se, ainda assim, não acreditarem, ela pergunta: "'Quer lutar comigo pra ver?' A pessoa fica quietinha", brinca a estudante.
Camila começou a lutar aos dez anos, por incentivo da família. Seu avô materno, filho de japoneses, difundiu a paixão entre filhos e netos.
"Um dia, meu primo me chamou para um torneio. Eu nem treinava e fiquei em terceiro lugar. Desde então, não parei mais."
Na época, havia apenas uma mulher que praticava o esporte em Osasco, na Grande São Paulo, onde Camila treina. Por isso, ela sempre lutou contra garotos.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Camila Fukushima, 16, yonsei (bisneta de japoneses), em arena de sumô |
"Eles me respeitam, mas ainda tem quem diga que menina é delicada demais e não pode praticar sumô. Odeio esse machismo", reclama a atleta, que faz parte da delegação brasileira na equipe juniores. "Luto para ser mulher e poder fazer o que eu quero", afirma.
O sumô feminino começou a ser incentivado no Brasil há 14 anos, quando a federação internacional, sediada no Japão, começou a campanha para levar a luta às arenas olímpicas -uma das exigências do comitê internacional é promover o esporte também entre mulheres.
Hoje, dos cerca de 500 lutadores que participam de competições nacionais, um quarto é mulher, segundo dados do Campeonato Brasileiro de Sumô de 2014.
Em agosto, Camila competirá no Mundial em Osaka, no Japão. Será sua primeira ida ao país. "Estou fazendo contagem regressiva. É meu sonho ir para lá."
A atleta é mestiça. Há 90 anos, os avós de sua mãe saíram da província de Kumamoto, no oeste do Japão, para o interior de São Paulo.
Já o pai tem ascendência alemã e portuguesa. Seu último sobrenome é Vaz, mas ela se apresenta como Fukushima. "Tenho muito orgulho de ser também japonesa."
Camila também pratica judô e faz planos para aprender a língua natal dos bisavôs. "Gosto muito da cultura do Japão. O que mais aprecio é o respeito que os japoneses têm entre eles e pelos outros. Isso é algo que tento aplicar na minha vida."
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