Sem longas filas, mirante Nove de Julho estreia em clima de balada
Em clima de baladinha ensolarada, com DJ, filme e exposição fotográfica, o mirante Nove de Julho se transformou em "pit stop" para quem caminhava e pedalava neste domingo (23), dia sem carro, na avenida Paulista.
Na data de estreia, o espaço estava cheio, mas sem longas filas de espera –cerca de 13 mil pessoas tinham confirmado, pelas redes sociais, presença na inauguração.
Mesmo diante do entra e sai frequente, os organizadores calcularam que 9.000 pessoas passaram pelo mirante. Entre os frequentadores, famílias com crianças, casais de todas as combinações e muita gente com cachorro.
"É uma oportunidade para o paulistano ver, circular e reocupar a cidade", disse a produtora Márcia Vaz, 37.
A associação entre setor privado e poder público é uma alternativa, na sua avaliação, a ser replicada em outras regiões. "Ganha a população."
A Prefeitura de São Paulo cedeu o mirante Nove de Julho ao Grupo Vegas, do empresário Facundo Guerra, que investiu cerca de R$ 700 mil na recuperação da área.
Nos fundos do Masp, uma escadaria dá acesso ao mirante. À esquerda, fica o Isso é Café. Do lado oposto, funciona o restaurante Mercado Efêmero. Vazado, o teto é reservado a DJs e bandas. Ninguém paga nada para entrar.
Os preços ali praticados são semelhantes aos da região da Paulista. Um café expresso, da FAF Studio, sai por R$ 5, enquanto a água mineral custa R$ 4. Um pedaço de torta de noz-pecã? R$ 12.
Segundo Guerra, o que está em curso na cidade é a formação de uma nova identidade. Diz ele: "Esse movimento –de ocupação gastronômica, dos espaços abandonados, das feiras e festas ao ar livre– não tem mais volta."
Desde o fim do século 19, quando a Paulista foi projetada, o engenheiro Joaquim Eugênio de Lima (1845-1902) tinha reservado espaço para um "belvedere" –mirante, em italiano. Ele começou a ser erguido em 1912, a partir de um projeto de Ramos de Azevedo (1851-1928), arquiteto responsável pela obra.
Por décadas, o mirante seguiu negligenciado. Abrigou prostíbulos de garotos de programa, nos anos 1980, e ocupações de usuários de droga e traficantes, nos 90 e 2000.
"Imagina quantos lugares bacanas, hoje abandonados, poderiam ter o mesmo destino", questiona a produtora de cinema Cristina Alves, 42.
Para a professora de inglês Márcia de Souza, 49, "o mirante veio parar coroar" o cartão-postal formado por Trianon, Masp e Paulista.
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