Sob o trauma de ciclovia que desabou, Rio inaugura viaduto duplicado no Joá
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Trecho do elevado do Joá que será inaugurado neste sábado (28) no Rio |
A Prefeitura do Rio inaugura neste sábado (28) a duplicação do elevado do Joá, na zona sul do Rio, sob trauma do desabamento da ciclovia Tim Maia, que matou duas pessoas.
Enquanto o novo espaço para os carros estará aberto, o caminho para as bicicletas construído no elevado já existente ainda passa por rechecagens e inspeções de auditoria independente contratada pela Prefeitura do Rio.
"O projeto do elevado passou por rechecagem e ensaio de carga dinâmica [com caminhões com carga simulando o peso sobre o viaduto]. Não há risco. A ciclovia, por precaução, decidimos aguardar a auditoria da Coppe/UFRJ, já contratada", disse o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.
A nova ciclovia fica mais perto do mar. Já o novo elevado está localizado entre a via já existente e a encosta, num nível mais elevado.
A construção do novo elevado do Joá foi uma exigência do COI (Comitê Olímpico Internacional), preocupado com o fluxo de veículos entre a zona sul e a Barra durante os Jogos. Temia-se que a configuração anterior, com apenas duas faixas de rolagem, tornaria impossível manter uma faixa exclusiva à família olímpica.
TRÊS FAIXAS
Com a conclusão da obra, haverá três faixas em cada sentido. O secretário municipal de Transporte, Rafael Picciani (PMDB), afirmou que uma de cada direção será exclusiva à família olímpica durante o evento.
"A grande concentração da rede hoteleira está na zona sul, enquanto o coração dos Jogos é na Barra", disse o secretário.
Ao custo de R$ 457,9 milhões, o novo viaduto vai ampliar em 35% a capacidade de tráfego de carros particulares entre Barra e São Conrado, trecho a ser atendido pela linha 4 do metrô em construção.
Especialistas criticam o estímulo ao uso de automóveis particular num trecho em que o transporte público terá a capacidade ampliada.
"É um contrassenso. Só é aceitável do ponto de vista da Olimpíada", disse o engenheiro José Eugênio Leal, especialista em transportes da PUC-Rio.
Picciani afirma que não vê contradição porque já há uma demanda por mais espaço para automóveis no trecho. "Não vamos aumentar, a demanda já existe. Antes da Barra se tornar local de moradia e trabalho deveriam ter previsto esse espaço", disse o secretário de Transporte.
De acordo com a CET-Rio, o engarrafamento no trecho era constante porque, enquanto o elevado possuía apenas duas faixas, os acessos tinham três.
Atualmente, 85 mil carros trafegam pelo elevado por dia. A nova pista será toda em direção à Barra. O tabuleiro antigo inferior segue com sentido a zona sul, enquanto o superior se tornará mão dupla.
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