Chefe de Polícia diz que laudo de estupro vai contrariar "senso comum"
Gabriel de Paiva - 26.mai.2016/Agência O Globo | ||
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Adolescente, vítima de estupro coletivo, deixa hospital ao lado da mãe, no Rio |
Alvo de críticas de machismo, a Polícia Civil do Rio mudou neste domingo (29) a investigação do estupro coletivo de uma garota de 16 anos e delegou seu comando a uma mulher. Ao mesmo tempo, porém, voltou a levantar dúvidas sobre a versão do crime.
O chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Fernando Veloso, disse que um laudo no vídeo que deu origem à investigação do estupro coletivo vai "contrariar o senso comum". "Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas", afirmou Veloso, em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo.
"O laudo vai trazer algumas respostas que, de certa forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo", completou.
A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24). Na gravação, um grupo de rapazes, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Desde 2009, a lei considera como estupro tanto a conjunção carnal como atos libidinosos.
O crime ocorreu na madrugada do dia 21 no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio. A vítima disse que encontrou num baile funk um rapaz com quem estava "ficando" e que, dopada, acordou numa casa, nua, cercada de homens armados.
Neste domingo, ao "Fantástico", a adolescente voltou a narrar detalhes do crime e afirmou que foi tratada como "culpada" pelo próprio delegado Alessandro Thiers -que era responsável pela investigação e foi substituído neste domingo pela delegada Cristiana Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).
"Na delegacia, tentaram me incriminar como se eu tivesse culpa de ter sido estuprada", afirmou a garota. "Ele [delegado] botou na mesa as fotos e o vídeo, expôs e falou, 'conta aí'. Perguntou se eu tinha costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso. Parei [de responder] imediatamente."
Thiers não foi encontrado pela Folha na noite deste domingo para se manifestar. Ele já havia sido alvo de questionamentos pela então advogada da menina e teve seu afastamento pedido também pelo Ministério Público.
Em entrevista, Thiers havia declarado anteriormente que ainda estava investigando "se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram". Nas últimas três noites, a polícia fez operações, mas nenhum envolvido foi preso.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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