Comprado há um ano, ônibus aquático de Ilhabela (SP) permanece parado
Divulgação | ||
Aquabus comprado há um ano, mas nunca usado em Ilhabela, litoral norte de SP |
Três embarcações compradas em 2015 por R$ 4,1 milhões pela Prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, estão há mais de um ano paradas. Os Aquabus foram adquiridos para o transporte de passageiros pelo mar, mas nunca foram usados.
Eles foram projetados para estimular as pessoas a deixarem o carro em casa e seriam integrados a um novo sistema de mobilidade –que inclui estações de bicicleta ainda em construção. A cidade, que tem 33 mil habitantes, sofre com congestionamentos na temporada, quando a população chega a triplicar.
"Quando divulgaram que teria esse tipo de transporte aqui e que seria o mesmo preço do ônibus, criamos uma expectativa grande, mas agora já desanimamos", diz a vendedora Amélia Diniz, 27, que mora em Ilhabela.
Para o paulistano Henrique Lins, 40, que frequenta a região durante as férias e feriados, de trânsito "já basta São Paulo". "Seria muito útil ter esses barcos. Eu nem usaria o carro e ainda estaria passeando de barco. Mas até agora não vi nada."
A primeira embarcação chegou à cidade em março de 2015. Elas foram construídas sob medida e pagas com recursos dos royalties do petróleo. Comportam 60 pessoas sentadas e têm banheiro adaptado, ar condicionado, TV e som ambiente. Podem acomodar até quatro pranchas de surfe e seis bicicletas.
O vereador Onofre Sampaio Junior (Pros) critica a falta de planejamento e diz que os barcos estão se deteriorando. "Sou favorável ao projeto do transporte coletivo, mas não da forma que está sendo conduzida."
A prefeitura diz que não há previsão para o início do serviço. Segundo a administração, a demora para colocar os Aquabus em funcionamento se deve à dificuldade em concretizar a licitação de flutuantes. As estruturas metálicas móveis seriam instaladas nos píeres para facilitar o embarque e desembarque, principalmente de idosos, gestantes e pessoas com deficiência.
Oito píeres públicos servirão de pontos de parada para o Aquabus. Três deles já existiam e cinco foram construídos para receber o novo transporte. Cada um custou cerca de R$ 500 mil –os flutuantes estão previstos a um valor total de R$ 1,3 milhão.
"Eles já estavam previstos quando iniciamos o processo de compra dos barcos, mas, por brigas políticas, contestaram os editais. Conseguimos reverter os do Aquabus e efetivar a compra, mas os dos flutuantes, até agora, não", afirma o prefeito Antonio Colucci (PPS).
Nas quatro vezes em que ele tentou licitar a compra, o Tribunal de Contas do Estado entendeu que havia problemas e suspendeu o trâmite.
Na última tentativa, no início de 2016, o órgão chegou a prever uma multa à prefeitura por propor a licitação sem alterar o teor do edital, conforme recomendado nas análises anteriores.
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