Cresce número de motoristas que se recusam a fazer bafômetro em SP
Ernesto Rodrigues/Folhapress | ||
Blitz da Lei Seca na av. Amaral Gurgel, em São Paulo; 10% dos motoristas recusam bafômetro |
O índice de motoristas que se recusaram a passar pelo teste do bafômetro em blitze em São Paulo aumentou 36% nos primeiros dez meses deste ano, na comparação com igual período do ano passado e proporcionalmente ao número de condutores parados pela Polícia Militar.
Desde o dia 1º, com o aumento no valor das multas, quem se recusa a fazer o bafômetro é obrigado a pagar R$ 2.934,70, tem a carteira de motorista recolhida e pode ter o direito de dirigir suspenso por até 12 meses.
Entre janeiro e outubro de 2015, 55,5 mil motoristas foram parados, e 3.483 (6,9%) se recusaram a fazer o teste. No mesmo período de 2016, o número de condutores parados em blitze mais que dobrou, chegando 112 mil. Desses, 10,5 mil (9,4%) decidiram não soprar o bafômetro. A quantidade de motoristas flagrados pelo bafômetro passou de 3.711 no ano passado para 3.861 em 2016.
RESISTÊNCIA
"O adulto é muito reticente em mudar o comportamento, por isso tentamos convencer adolescentes que estão próximos de conseguir a habilitação", diz o capitão Paulo Oliveira, do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito).
Na noite da última quarta (2), a PM realizou cerca de 40 abordagens na rua Amaral Gurgel, em Santa Cecília (região central de São Paulo). Três pessoas se recusaram a fazer o teste do bafômetro.
"O valor da multa intimida para quem tem pouco dinheiro, mas quem tem muito vai continuar bebendo", disse um médico de 32 anos.
Um consultor de tecnologia da informação de 29 anos decidiu não fazer o teste por ter bebido uma cerveja pouco antes. "Se o limite fosse um pouco maior, eu faria o teste. Mas preferi não arriscar", afirmou.
Apesar da situação, ele disse achar importante a multa ter um valor elevado. "Se tivesse pego um táxi ou um Uber, eu não teria que pagar a multa. Daria para pegar táxi e Uber por um ano com o que vou pagar", disse.
Uma empresária de 55 anos que se recusou a fazer o testo criticou a rigidez da lei. "Não sou contra, mas acho que zero é um limite muito rigoroso. Você não pode sair nem para comer uma pizza e tomar uma taça de vinho."
LEI
Para o presidente da comissão de direito viário da OAB de São Paulo, Maurício Januzzi, punir quem se recusa a fazer o teste é contra a lei. "Para mim, é inconstitucional fornecer provas contra si mesmo", afirma.
Para o capitão do CPTran Paulo Oliveira, o motorista não é obrigado a fornecer prova contra si mesmo durante um processo judicial, o que não é o caso de uma blitz. "De qualquer forma, a gente não pode obrigar o cidadão a soprar o etilômetro", diz.
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