Hospital do interior de SP 'ganha' reforma após comoção de paciente
Em novembro do ano passado, a mulher do corretor de imóveis Sidnei Picolo, 57, precisou ser internada na Santa Casa de José Bonifácio, cidade com pouco mais de 35 mil habitantes no interior de São Paulo. Ao visitar Márcia, 48, com crises de labirintite, o marido ficou chocado com as condições do leito hospitalar.
"O colchão da cama estava colado no ferro por causa da ferrugem, e as paredes, descascadas e encardidas", diz Picolo. "Aquilo me comoveu de uma forma muito forte. Para falar a verdade, sei que caí lá dentro para trabalhar."
E o "trabalho" não parou no quarto da mulher. Com o celular, um caderno e a ajuda de amigos e moradores, o corretor de imóveis reuniu R$ 120 mil em uma vaquinha para pintar a área externa, reformar armários e móveis e trocar o piso do hospital.
Pierre Duarte/Folhapress | ||
Sidnei Picolo em setor reformado da Santa Casa de José Bonifácio, no interior de SP |
Ele próprio já tinha precisado dos serviços da Santa Casa de José Bonifácio, há sete anos, quando se curou de um câncer de pâncreas. Na internação da mulher, interessou-se em reformar completamente o quarto e banheiro onde ela estava.
Ele decidiu ajudar, conta, ao saber da situação financeira da Santa Casa –que, segundo os administradores, gasta mais do que recebe de convênios estaduais e federais. Os repasses somam R$ 660 mil mensais, e o gasto por mês é de quase R$ 700 mil.
Um construtor, amigo de Picolo, foi quem aceitou reformar o cômodo de graça para ajudar o hospital. "Fui falando com amigos, e eles abraçaram a ideia comigo."
Depois, conseguiu mais três pessoas para reformar outros três quartos. "A partir disso, não parou mais."
As demandas aumentaram. Sidnei percebeu que não precisava de quantia milionárias para conseguir tornar o local melhor, e as pessoas passaram a procurá-lo para oferecer doações.
"Elas pediam para que eu pegasse latas de tinta nas lojas, entregavam dinheiro e diziam que queriam ajudar com a reforma de algum jeito."
Ao todo, o morador conseguiu cerca de R$ 120 mil de doações em dez meses.
Com a verba, reformou cerca de 45 camas, 45 colchões, comprou 16 aparelhos de ar condicionado e oito televisores novos, além de conseguir mais quatro TVs doadas para usar nos quartos da unidade.
No prédio, o corretor bancou a reforma de armários, telas de proteção nas janelas e colocou 180 metros de granito natural nos corredores e 170 metros de granilite –piso usado em hospitais. Todo o prédio também foi pintado com o dinheiro doado e ajuda dos moradores.
A vaquinha segue. Ele conta que uma juíza, com parentes na cidade, ofereceu uma doação entre R$ 15 mil e R$ 18 mil. "Muita gente me ajudou. Me sinto abençoado por Deus por encontrar as pessoas e ouvi-las falando que o atendimento na Santa Casa está melhor e mais agradável por causa do ambiente."
Na opinião do provedor da Santa Casa, Gefferson Luis de Sousa Rosa, o gesto de Picolo deveria ser multiplicado.
"O resultado final foi excelente. Hoje o hospital é mais confortável, com uma estrutura muito melhor, e o Sidnei foi quem começou tudo isso. Precisamos de mais pessoas como ele para fomentar a solidariedade que todos têm dentro de si", afirma.
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