Palacete histórico agoniza com futuro incerto na região central de São Paulo
Quando um vice-reitor da PUC afirmou há 12 anos que aquela universidade católica estava de olho no Palacete do Carmo, no centro de São Paulo, o quase centenário imóvel de seis andares já estava quase todo vazio.
Em dificuldades financeiras, a PUC (Pontifícia Universidade Católica) abandonou os seus planos de dar algum uso ao palacete localizado a metros da praça da Sé, e a Mitra Diocesana tem deixado a propriedade agonizar.
Na verdade, trata-se de quase um quarteirão de propriedade da Igreja Católica. Vizinho ao Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, fica entre as ruas Venceslau Brás, Roberto Simonsen, Irmã Simpliciana e a praça Clovis Bevilacqua. O coração da quadra é ocupado por um estacionamento, enquanto o térreo do palacete abriga umas poucas lojinhas.
Colada ao palacete fica a antiga sede da Cúria Metropolitana. Os dois imóveis do início do século passado se encontram embalados por uma tela de proteção e arame farpado, sem nenhum restauro à vista, mas provavelmente para evitar invasões.
Um anteparo impede que fragmentos dos prédios, que se desmancham, atinjam algum pedestre.
Aquele já foi um dos metros quadrados mais valorizados da cidade, pois ficava no caminho entre a catedral e o antigo palácio do governo do Estado, demolido em 1953, no Pateo do Collegio.
O palacete tinha dezenas de escritórios que eram alugados pelas autoridades católicas. Entre os anos 1920 e 1950, ele chegou a abrigar de escritórios de advocacia a uma emissora de rádio.
A decadência do centro da cidade acabou esvaziando o prédio ao longo do tempo. Um projeto de construir uma torre no lugar do palacete, em 1975, não foi adiante.
FUTURO
Apesar dos diversos pedidos da Folha nas últimas semanas, a assessoria de comunicação da Mitra não quis responder sobre os planos para o futuro do prédio e os motivos para o abandono.
Em setembro do ano passado, o Palacete do Carmo e seus imóveis vizinhos foram tombados pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, o Conpresp, em razão de seu "valor afetivo representado, do reconhecido valor ambiental e do inerente interesse histórico".
No total, 217 imóveis receberam esse novo tombamento –o Palacete do Carmo já estava protegido por estar na área envoltória do vizinho Solar da Marquesa, que foi tombado em 1991. No centro de São Paulo há cerca de 1.500 imóveis protegidos.
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