PAULO GOMES
DE SÃO PAULO

"O altruísmo deve ser a lei do homem", dizia o discurso de 1955 dos formandos de medicina da USP. "A solidariedade deve existir mais forte que todos os erros e defeitos do homem", continuava o texto.

Orador autor dessas frases, Sylvio Saraiva manteve-se fiel ao discurso ao longo da carreira. Dava um jeito de atender pacientes que não tivessem condições de arcar com uma consulta, por exemplo.

Outra virtude admirada pelos que o conheciam era seu caráter estoico: lidava com reveses e turbulências de maneira inabalável. Tinha a habilidade de dirimir confusões e angústias com uma simples frase, curta e certeira.

Filho de portugueses instalados no centro de São Paulo, Sylvio teve origem humilde. O pai era zelador de um prédio na praça do Patriarca. A mãe mal sabia ler. Ele a ensinou.

Especializou-se em neurologia, área em que ganhou proeminência. Apesar de encarar a carreira como um sacerdócio –trabalhava no Hospital das Clínicas, atendia em seu consultório, lecionava e ainda reservava um dia da semana para se aperfeiçoar–, sempre arrumava tempo para ler jornais ou grandes escritores.

Em vida, além da inevitável morte dos pais, lidou com a perda de um filho e, mais recentemente, da mulher por quase 55 anos, Amaryllis.

Para lidar com a perda de entes queridos, uma de suas mensagens naquele discurso de formatura dizia que transformar a dor terrível em energia criadora é a melhor maneira de honrá-los.

Sylvio se foi no último dia 22, aos 88, após uma parada cardíaca. Deixa as filhas Carmen e Renata, o filho Paulo Roberto (em memória), e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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