Urubus invadem escola técnica, e gestão Alckmin recorre a repelente

Crédito: Arquivo Pessoal Alunos fecham as janelas para evitar a entradas de urubus
Alunos fecham as janelas para evitar a entradas de urubus

GUILHERME SETO
DE SÃO PAULO

Os alunos da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), no Bom Retiro, principal unidade de ensino técnico do Estado, têm sofrido com a presença de urubus nas dependências da instituição.

A Fatec-SP é administrada pelo Centro Paula Souza, autarquia estadual responsável pelas escolas e faculdades técnicas públicas do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo relatam os alunos, os animais carniceiros não apenas sobrevoam a Fatec, mas bicam as janelas e entram nas salas, onde assustam os presentes e fazem sujeira, em uma espécie de versão rústica do filme "Os Pássaros", de Alfred Hitchcock.

Diante do problema, a coordenação da instituição decidiu que as janelas não devem mais ser abertas por inteiro, o que nos últimos meses gerou incômodo nos estudantes devido ao calor.

A decisão foi oficializada por meio de comunicado afixado nas paredes no qual se lê: "Não abrir os vidros das janelas totalmente, risco de entrada de animais (urubus, pombos, morcegos)."

Poucas salas de aula da Fatec-SP contam com aparelhos de ar-condicionado, o que contribui para o abafamento dos ambientes. Antes da política de barrar as janelas, urubus invadiram recintos nos quais aconteciam aulas.

"É uma situação que vem se repetindo desde outubro, pelo menos. Eles bicam e arranham as janelas, entram nas salas durante as aulas, gerando o maior furdunço", diz Christopher Alves da Silva, 20, aluno do curso de instalações elétricas.

Crédito: Reinaldo Canato - 8.dez.2013/UOL Fachada da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, no Bom Retiro, onde salas têm sido invadidas por urubus
Fachada da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, no Bom Retiro, onde salas têm sido invadidas por urubus

"Eles ficam nas beiradas das janelas, voando entre os prédios. E muitas vezes eles descem e tentam pegar cachorros e gatos. Já vi um deles comendo um pombo vivo", completa.

De acordo com Christopher –cujo testemunho é corroborado por alunos que preferiram não se identificar–, as salas de aulas viram "fornos" com as janelas fechadas.

"Tenho aula em apenas uma sala que tem ar-condicionado, mas ela é tão grande que ele praticamente não serve para aliviar a temperatura."

Letícia Neves Evangelista, 20, aluna do mesmo curso, acredita que os bichos trazem prejuízos pedagógicos.

"É bem desconcertante, porque o urubu é um bicho enorme. Desconcentra. Teve uma vez que até o professor ficou meio abismado em ver um bicho daqueles tão de perto", diz.

A unidade localizada no Bom Retiro foi criada no final da década de 1960, tem mais de 5.000 alunos, 240 professores e 160 funcionários.

À Folha o Centro Paula Souza diz que tentará recorrer a repelentes para afastar as aves. A maior parte das atividades da instituição será retomada em fevereiro.

"A Assessoria de Comunicação do Centro Paula Souza informa que a direção da Fatec São Paulo está testando um repelente de aves para afastar os urubus que apareceram no entorno da unidade", afirma, em nota.

Sobre o calor nas salas, diz que prepara licitação para consertar aparelhos de ar-condicionado.

"Para garantir o conforto dos alunos, todas as salas da faculdade contam com ventiladores. Além disso, está sendo preparada licitação para contratar o serviço de manutenção de parte dos aparelhos de ar condicionado."

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