Frade é detido em operação da Guarda-Civil na cracolândia de São Paulo

Crédito: Divulgação Frei Agostino faz selfie de dentro de camburão da GCM após ser detido na cracolândia
Frei Agostino faz selfie de dentro de camburão da GCM após ser detido na cracolândia

DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO

Um frade da Igreja Católica foi detido, na tarde desta terça-feira (23), na região da cracolândia, centro de São Paulo.

Frei Agostino foi parar no camburão de um dos carros da Guarda Civil Metropolitana por classificar a forma de atuação de uma equipe de guardas-civis no local como "truculenta". Ele foi levado para o 77º DP (Santa Cecília).

De acordo com a GCM, ela "apoiava as equipes de limpeza de rotina na al. Dino Bueno, quando flagrou duas pessoas com drogas no local". A corporação afirmou em nota que uma testemunha tentou impedir a ação para prender os dois usuários e, por isso, também foi encaminhada para a delegacia. Não confirmou, no entanto, se essa testemunha se trata do frade.

Assim que foi detido, o religioso fez um selfie de dentro do camburão. Ele trajava uma camisa e um crucifixo de madeira. A foto foi divulgada nas redes sociais pelo padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua.

Em entrevista à Folha, Lancelotti disse que o frade foi apontado pelos GCMs como "conivente com um traficante" e ao retrucar a prisão dele "acabou desacatando os agentes." "Agostino ainda me contou que no momento em que foi jogado no camburão, ouviu: você quer fazer seu trabalho, vá fazê-lo na igreja e não aqui", afirmou Lancellotti.

O religioso integra a Missão Eucarística "Voz dos Pobres" e atua, junto com outros membros da Igreja Católica, na linha de frente pelos direitos humanos dos moradores de rua.

Há pelo menos cinco anos, frei Agostino trabalha na identificação dos usuários de drogas e faz a ponte entre eles e seus familiares. Também é o responsável por ir ao IML (Instituto Médico Legal) para identificar aqueles que morreram na rua.

No início da noite, o religioso continuava detido no 77º DP. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o frade e testemunhas estavam sendo ouvidos.

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