Dia violento no Rio tem criança de 3 anos e garoto de 13 mortos a tiros

Em mais um dia violento, cidade tem dois menores mortos por tiros 

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Policiais trocam tiros com supostos traficantes de drogas próximo ao Complexo da Maré; adolescente morreu baleado
Policiais trocam tiros com supostos traficantes de drogas próximo ao Complexo da Maré; adolescente morreu baleado - Ricardo Moraes/ Reuters
Rio de Janeiro

Uma criança de 3 anos e um adolescente de 13 anos foram mortos a tiros nesta terça (6) em diferentes episódios de violência no Rio.

O primeiro caso ocorreu de madrugada. Um casal com a filha de três anos foi abordado por criminosos no bairro de Anchieta, na zona norte, e teve seu carro atingido por ao menos dez tiros a polícia ainda não sabe a razão.

Baleada, Emily Sofia morreu antes de chegar ao hospital. A mãe, ferida de raspão, abandonou atendimento em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) quando soube que a filha não havia sobrevivido. O pai foi atingido no tórax, passou por cirurgia e seu estado de saúde é estável.

A Delegacia de Homicídios investiga as mortes. O que se sabe é que um grupo de criminosos da favela da Pedreira estava fazendo uma série de roubos de veículo na região, próximo ao local onde a família deixava uma lanchonete em um posto de gasolina.

Adolescente Jeremias de camisa listrada de vermelho e azul faz gestos de paz e amor ao lado de dois colegas
Jeremias Moraes da Silva, 13, morto a tiros durante operação da polícia na Maré - Reprodução/Redes Sociais

Durante a tarde, uma operação policial no Complexo da Maré, também na zona norte, deixou o adolescente Jeremias Moraes da Silva, 13, morto após uma série de confrontos. O complexo é formado por ao menos 16 favelas, com 129 mil habitantes, segundo o Censo de 2010.

A operação havia começado no fim da madrugada. Moradores relataram nas redes sociais que os tiros começaram por volta das 5h40. À tarde, a polícia recebeu a informação de que policiais teriam sido sequestrados nas favelas da Nova Holanda e Parque União. O território da Maré é comandado por mais de uma facção criminosa, além de grupos de milícias.

Houve confronto, e o jovem teria sido baleado nessa ação. Nas redes sociais, moradores reclamam dos constantes conflitos. A página Maré Vive, mantida por moradores locais com informações sobre segurança, resumiu na tarde desta terça o clima na favela.

Já estamos indo pra 10 horas de operação policial aqui na Maré. Os tiros não cessam, confrontos de grosso calibre em praticamente todo o Complexo, dizia a postagem.

A principal crítica da página comunitária que reúne 116 mil seguidores é que o Estado não investe em serviços básicos, como saúde e educação, reservando apenas recursos para a guerra às drogas, que a página classifica como guerra aos pobres.

Moradores também alegam em perfis pessoais nas redes que policiais estariam invadindo casas de civis em busca de suspeitos.

Um fotógrafo local relatou que os tiros começaram no início da manhã, no segundo dia da volta do ano letivo.

5:40 da manhã, gritaria, muitos tiros e você acorda. Não consigo entender o que acontece, e a intensidade das rajadas de meiota [tiros] vão aumentando, de repente você é acometido por um medo sem fim que te deixa inerte na sua cama e a sensação é única, sua casa será alvejada e você vai morrer. Primeira megaoperação do ano durante o início do ano letivo, primeira crise de pânico em 2018, afirmou.

FECHADAS

Em razão dos tiros, as três principais vias expressas do Rio foram fechadas no início da tarde. A Linha Vermelha, a avenida Brasil e a Linha Amarela tiveram que ser bloqueadas ao tráfego, o que deu um nó no trânsito no Rio.

A Linha Vermelha é, por exemplo, a expressa que leva ao aeroporto do Galeão. As favelas do complexo ficam na margem dessas vias.

Também à tarde, moradores da Rocinha e do Vidigal, na zona sul da cidade, fizeram um protesto contra a violência e as constantes operações policiais nos morros que desde setembro convivem com uma disputa pelo controle da venda de drogas nesses locais. A polícia tem feito desde o ano passado operações diárias na Rocinha.

Emily Sofia, 3, que morreu em tentativa de assalto no Rio
Emily Sofia, 3, que morreu em tentativa de assalto no Rio - Reprodução/Facebook
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