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Agência Lupa: Deputados confundem dados ao votar decreto de intervenção no RJ

"O Carnaval do Rio de Janeiro neste ano foi menos violento do que todos os Carnavais de 2014 para cá" - Deputado Ivan Valente (PSOL-SP) na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJ

EXAGERADO

Dados divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) do RJ mostram que o índice de letalidade violenta (homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínio e homicídios decorrentes de intervenção policial) do Carnaval de 2018 é maior do que o observado no mesmo período em 2015: 92 contra 76 casos. O total de roubo de veículos (859) também foi, em 2018, o maior registrado dos últimos Carnavais. O único dado positivo da edição deste ano é que o total de ocorrências registrou queda. Procurado, o deputado informou que baseou seu discurso em matérias e artigos publicados na grande imprensa, entre eles entrevista que a diretora-presidente do ISP, Joana Monteiro, deu ao jornal O Estado de S. Paulo. Nela, Joana negou que tivesse havido uma explosão de violência durante o Carnaval de 2018.

"Nós deixamos (...) essa porcaria de audiência de custódia. Qualquer bandido que é preso hoje o Poder Judiciário coloca em liberdade, 80% em 48 horas", Deputado Major Olímpio (SD-SP), idem

EXAGERADO

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o número de presos libertados em audiências de custódia é muito inferior ao citado pelo deputado: 46%. Esse é um instrumento processual que determina que todo preso em flagrante deve ser encaminhado em 24 horas à autoridade judicial. Ela, por sua vez, deve definir se a prisão foi legal e se deve ou não ser transformada em prisão preventiva. Procurado, o deputado não retornou.

A deputada Laura Carneiro (MDB-RJ) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante sessão de votação do decreto
A deputada Laura Carneiro (MDB-RJ) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante sessão de votação do decreto - Pedro Ladeira/Folhapress

"Houve 750 mil ocorrências [no RJ] no ano de 2017", Deputado Áureo (SD-RJ), idem

VERDADEIRO, MAS

O dado citado pelo deputado é correto. Segundo o ISP, 750.608 ocorrências foram registradas no Estado ao longo de 2017. Mas, vale frisar que se trata do número mais baixo observado desde 2012, quando houve 718.733 registros. A assessoria de imprensa do deputado informou que o número usado por ele se referia aos meses de janeiro a setembro de 2017. Mas essa informação não é verdadeira: 750 mil ocorrências cobre todo o ano passado. Esse número consta no ISP desde o dia 18 de janeiro.

"A violência maior é esse governo, que levou ao desemprego 14 milhões de pessoas", Deputado Paulo Teixeira (PT-SP), idem

EXAGERADO

Entre maio de 2016, quando Michel Temer assumiu a Presidência de forma provisória, e dezembro de 2017, último dado disponível, o número de desempregados aumentou em 464 mil. Segundo a Pnadc/M, pesquisa contínua mensal do IBGE, o número estimado de desocupados no trimestre móvel de maio, junho e julho de 2016 era de 11,8 milhões. No trimestre móvel de outubro, novembro e dezembro de 2017, 12,3 milhões. Os 14 milhões citados pelo deputado são, na verdade, o número máximo de desocupados atingido durante o governo Temer (no trimestre móvel de janeiro, fevereiro e março de 2017). Em nota, o deputado assumiu o equívoco. "A Agência Lupa está correta em apontar a divergência nos dados em minha exposição. Me comprometo a corrigi-los no próximo discurso relacionado ao tema", disse.

"No RJ, nós temos mais de 1 milhão de medidores elétricos (...) que não são acessados pelas companhias que os instalaram", Deputado Julio  Lopes (PP-RJ), idem

VERDADEIRO

A Light e a Enel, as duas maiores distribuidoras de energia do RJ, estimam que mais de 1 milhão de domicílios em áreas consideradas de risco sob o controle de traficantes ou milicianos recebem energia irregularmente. A Light fala em cerca de 1,75 milhão de domicílios, sendo que a metade deles fica em áreas consideradas inacessíveis por questões de violência. A Enel estima que 395 mil clientes estão em áreas que a companhia não consegue atuar, em razão da violência. A maioria, em Niterói e São Gonçalo.

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