Descrição de chapéu Alalaô

Após fiscalização da prefeitura, bloco com abadá libera acesso em SP

Clubes da elite paulistana cobraram até R$ 60 por ingresso 

Caio Spechoto
São Paulo
Entrada da Pholia dos Clubes, onde os abadás era conferidos antes da fiscalização da prefeitura
Entrada da Pholia dos Clubes, onde os abadás era conferidos antes da fiscalização da prefeitura - Caio Spechoto

Após fiscalização da prefeitura, o bloco Pholia dos Clubes liberou o acesso do público à sua festa, realizada na tarde deste domingo (18) na rua Gumercindo Saraiva, no Jardim Europa (zona oeste de São Paulo).

O local havia sido fechado com grades de metal, e o acesso era condicionado à posse de um abadá que custava de R$ 40 a R$ 60.

Decreto assinado pelo prefeito João Doria (PSDB) em 5 de outubro do ano passado determina que cordões em vias públicas tenham acesso gratuito.

O uso de vestuário distintivo é liberado desde que não configure elemento condicionante à participação, de acordo com a norma.

O evento foi organizado pelos clubes Pinheiros, Paulistano, Hebraica e Paineiras do Morumby, frequentados pela elite da capital paulista. 

A principal atração é o músico Jorge Ben Jor. Os abadás foram vendidos a sócios e convidados.

Pedestres cruzavam a rua por um caminho delimitado.

Em Salvador, por exemplo, é prática comum dos blocos usar cordas para separar pessoas que compraram abadá de outras que não compraram.

Por ter sido registrado como um bloco normal, o evento teve, além da estrutura particular, banheiros e ambulâncias fornecidos pela empresa contratada pela prefeitura para produzir o Carnaval.

Hebraica
Clubes de São Paulo anunciam bloco na rua com cobrança de ingresso - Divulgação

Na sexta-feira (16), os organizadores do evento divulgaram nota oficial em que confirmavam a realização.

Na nota, afirmaram que o cordão é autorizado e atende a todas as solicitações da prefeitura e disposições do Decreto Municipal nº 57.916/2017 [decreto do Carnaval].

O texto ainda dizia que os abadás servirão para identificação, visando apoio e segurança, além de infraestrutura e comodidade dos participantes.

Segundo o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, "o problema foi resolvido" com a abertura do evento. "Enquanto houver livre acesso, não há perigo de multa para os clubes devido à norma que estava sendo violada inicialmente."

Sérgio Soares, membro da comissão organizadora do bloco no clube Pinheiros, afirma que 42 blocos venderam abadá em troca de benefícios para os foliões só nesse fim de semana.

Ele também diz que a principal preocupação do evento era proporcionar segurança para os participantes. Havia o temor de a rua ficar superlotada.

Ao ver pessoas entrando na festa sem abadá, o sócio do Pinheiros Nilton Santana, 57, estranhou. "Se eu paguei, tenho que ter um diferencial", disse.

Ele afirmou que não há problema em o bloco ser aberto, mas que isso deveria ter ficado claro antes.

A reportagem da Folha, no entanto, presenciou um catador ser barrado em uma das entradas da festa. Segundo Ricardo dos Santos, 40, o segurança do evento disse que ele só poderia coletar latinhas ao fim do bloco ou se pedisse para que alguém trouxesse o lixo para ele.

"Isso nunca tinha acontecido em nenhum outro lugar do Carnaval. Os blocos da Faria Lima são fechados, mas depois da revista eles deixam entrar", afirmou o catador.

O segurança que barrou Santos disse à reportagem que a situação não estava prevista nas instruções que recebeu.

 
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