Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Após rebelião, Exército faz operação em presídio na Baixada Fluminense

Ação busca apreender celulares, armas e drogas no presídio Milton Dias Moreira

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Rio de Janeiro

A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio e as Forças Armadas realizaram, na manhã desta quarta-feira (21), operação conjunta na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, onde foi registrada uma rebelião no último domingo (18).

Cerca de 250 militares do Exército atuaram no entorno da unidade prisional. Outros cem inspetores penitenciários e mais 30 homens do Grupamento de Intervenção Tática da Seap também integraram a operação, que teve como objetivo fazer uma varredura nas instalações.

A Seap informou que foram apreendidos 48 celulares, 205 invólucros de pó branco com características de cocaína, 151 invólucros e três tabletes de erva seca com características de maconha. As buscas foram iniciadas às 8h35 e concluídas às 14h.

No fim da tarde de domingo, um grupo de detentos iniciou uma rebelião na penitenciária após tentativa frustrada de fuga. Oito agentes e dez detentos foram feitos reféns por um grupo.

Os últimos reféns foram liberados no início da madrugada de segunda (19). Com os amotinados, foram apreendidos um revólver, duas pistolas e uma granada de efeito moral.

No mesmo dia, a Seap havia anunciado que antecipou reforço na segurança dos presídios após o anúncio da intervenção federal na segurança pública do Estado, que foi feito na sexta (16).

O objetivo é evitar tentativas de fuga e conter eventuais instabilidades no sistema carcerário do Estado, que tem cerca de 51 mil detentos em presídios com 31 mil vagas.

Na operação desta quarta, as Forças Armadas cooperaram com cães farejadores e especialistas em detecção de metais. Eles não tiveram contato com os presos.

"Essa operação conjunta demonstrou a capacidade de integração e cooperação entre as forças estaduais e federais, o que nos permite estabelecer um protocolo de atuação conjunta", disse, em nota, o secretário de Administração Penitenciária do Rio, David Anthony Gonçalves Alves.

A Penitenciária Milton Dias Moreira tem capacidade para 884 detentos, mas mantinha 2.027 em janeiro, segunda dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). É uma unidade "neutra", ou seja, para presos não ligados a facções criminosas.

De acordo com a Seap, a operação foi respaldada pelo decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e não da intervenção federal.

COLAPSO

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 18 PMs foram assassinados no Estado —foram 134 em 2017.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do Estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros Estados com patamares ainda piores. No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

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