Descrição de chapéu Mobilidade urbana

Chineses desistem de 'linha das universidades' do Metrô de SP

Estado deu 30 dias para que o atual consórcio proponha nova solução 

Fabrício Lobel
São Paulo

As empreiteiras chinesas que tinham anunciado interesse em retomar as obras da linha 6-laranja do Metrô de São Paulo desistiram do negócio. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (2) pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) 

A construção da linha, que ficou conhecida como "linha das universidades", está parada desde setembro de 2016, pois suas empreiteiras passaram a ser investigadas na operação Lava Jato e não conseguiram mais recursos para tocar as obras (Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia). 

Canteiro das obras paralisadas da estação Freguesia do Ó da Linha 6-laranja do Metrô
Canteiro das obras paralisadas da estação Freguesia do Ó da Linha 6-laranja do Metrô - Coletivo Amapoa/Folhapress

A participação das empreiteiras China Railway Capital e China Railway First Group era a principal  esperança do governo Alckmin de retomar as obras ainda este ano. As duas empresas chinesas são subsidiárias de um megagrupo de construções, o China Railway Group, que há três anos figura entre as 500 maiores fortunas mundo, segundo a revista "Fortune". No ano passado, o grupo estava na posição 55, entre as grandes fortunas do globo.

 

Agora, sem as chinesas, o governo do Estado deu 30 dias para que o consórcio responsável pela obra (que inclui a japonesa Mitsui e a brasileira RuasInvest) arranje uma nova solução para o projeto. 

Caso contrário, o governo do Estado promete dar fim ao contrato de PPP e relicitar o empreendimento. Essa alternativa, porém, deve prorrogar ainda mais a entrega da linha, prometida para 2012. 

Por meio de nota, o Consórcio Move São Paulo diz que está analisando a documentação entregue nesta sexta pelo governo do Estado cobrando a resolução do empreendimento.

O consórcio diz considerar indevida a emissão de qualquer multa por parte do governo e diz ainda que parte do atraso da obra se deve à demora na desapropriação de alguns terrenos, fator que não depende da iniciativa privada.

"Os atrasos na liberação de áreas públicas e privadas --de responsabilidade exclusiva do poder concedente--, trouxeram forte impacto no cronograma de obras e foram determinantes para o desequilíbrio econômico financeiro do empreendimento."

Alckmin pretende se candidatar à presidência da República esse ano. Todas as obras de expansão de linhas do Metrô estão atrasadas.

ATRASO

Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha 6-laranja  foi apelidada de linha das universidades, por ter em seu trajeto sedes de instituições de ensino como PUC, Mackenzie e FAAP. O anúncio da linha foi feito ainda na gestão José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a promessa era de que a linha já estaria em operação em 2012.

Na época, moradores de Higienópolis se organizaram para protestar pela presença do metrô. O termo "gente diferenciada" chegou a ser usado para descrever as pessoas que seriam atraídas por uma estação no tradicional bairro paulistano.

A assinatura do contrato de PPP (parceria público privada) só ocorreu em dezembro de 2013, quando a estimativa era de que a linha poderia funcionar parcialmente até 2018.

O contrato foi comemorado por ser a primeira PPP plena do Brasil. Ou seja, o consórcio vencedor não apenas faria a obra, como seria responsável pela operação da linha por 25 anos. A expectativa é de que isso tornaria o projeto mais atrativo à iniciativa privada, além de incentivar o término das obras. O custo total do empreendimento é de R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões serão divididos entre governo e o consórcio.

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