Descrição de chapéu axé música Claudia Leitte

Claudia Leitte e Baiana System reúnem multidão na 23 de Maio, em SP

Blocos levaram sotaques baianos, pipoca e também protestos para avenida

Paulo Saldaña
São Paulo

O adeus do Carnaval de São Paulo na avenida 23 de Maio reuniu uma multidão para ver sotaques baianos, pipoca e também protestos.

A via recebeu Baiana System e Claudia Leitte, praticamente dois opostos da folia baiana: enquanto Claudia Leitte desfilou sobre um dos maiores trios que já estiveram em SP, lançando mão de sucessos como "K.O.", de Pablo Vittar, e "Pesadão", de Iza, além de seus próprios trabalhos, o Baiana desfilou no chamado Navio Pirata, um trio de proporções pequenas.

Com ele, o grupo levou seu protesto carnavalesco do viaduto Santa Generosa ao viaduto Pedroso. Claudia seguia atrás. A multidão ocupou as duas vias da 23 de Maio durante o desfile, que teve início às 13h.

O que se viu em SP foi um petisco do Carnaval baiano. Salvador vive uma fase de transformação de seu Carnaval, com a profusão de blocos sem corda --áreas VIP que cercam os trios. Baiana System representa essa nova postura, se tornando símbolo de democratização da festa. Em São Paulo, as cordas são proibidas por lei.

Os dois blocos baixaram o volume e o ritmo das músicas ao passarem pelo hospital Beneficência Portuguesa, cujos pacientes haviam relatado barulho excessivo nos desfiles de Carnaval.

Foi o Baiana System que abriu a festa, com uma mistura de guitarra baiana, timbales, rap, dub e protesto. Participaram do show os rappers B Negão, Flora Mattos e Rico Dalasam.

"Respeita as mina" e vivas à escola de samba carioca Paraíso do Tuiuti --que levou à Sapucaí críticas ao governo Temer-- marcaram o desfile. O público pulou ao som de "Invisível", "Capim Guiné" e "Playsom". "É só amor", gritavam os foliões.

"É uma energia canalizada que tem de ser voltada para mudar o país", disse a executiva de comunicação Tais Pinheiro, 36, que deixou a filha em casa para pular com o Baiana. Para a enfermeira Nayara Benjamim, 25, o melhor deste sábado (17) foi a rua. "Ocupar a rua, o espaço público, é a experiência de Carnaval que ensina a São Paulo ser mais cordial ", disse ela. Houve protestos contra o prefeito João Doria (PSDB).

A estudante de engenharia Amanda Tavares, 25, vestida de diabinha, veio de Carapicuíba pela "zoeira" de Claudia Leitte. "Eu quero é pular como  pipoca, e se surgir um gatinho...", disse ela, ao lado amiga vestida de anja. Ambas "na maldade", no entanto, como disseram entre risos.

Sinalizações de banheiros e postos de atendimento melhoraram desde a última semana. Perto das 18h, foliões invadiram uma pista de tráfego exclusivo da PM, CET e Guarda Civil. A GCM teve de conter a multidão com carros e motos, mas não houve cenas de violência. "É só amor", gritavam alguns.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.