Governo vai esperar aval do Congresso para iniciar intervenção no Rio

Apesar de militares nas ruas, regime não começou, diz Comando Militar do Leste

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Rio de Janeiro

Apesar da presença de militares e tanques nas ruas do Rio, o porta-voz do Comando Militar do Leste, Carlos Frederico Cinelli, disse neste sábado (17) que as operações sob o regime de intervenção na segurança do Rio ainda não foram iniciadas. Segundo ele, a intervenção não prevê que o Exército substitua a polícia nos patrulhamentos.

"A polícia continua sendo a linha de frente", afirmou. A atuação das Forças Armadas deve seguir o modelo adotado desde o fim do ano passado, quando foi criada uma força conjunta com a segurança do Rio sob o regime da GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

A principal diferença, agora, é que o comando passa para as mãos do interventor, o general Walter Souza Braga Netto. Antes, a Secretaria de Segurança do Rio comandava as ações.

"O interventor é como um governador da segurança pública", explicou o coronel Cinelli, em entrevista antes de reunião entre Temer, Braga Netto e autoridades fluminenses, no Rio.

Embora a publicação do decreto no Diário Oficial, na última sexta (16) já garanta o início da intervenção, Braga Netto, deve esperar a votação, pelo Congresso, do decreto de intervenção assinado nesta sexta pelo presidente Michel Temer antes de iniciar mudanças na estrutura da área de Segurança no Estado.

A primeira sessão na Câmara dos Deputados para analisar o decreto está marcada para esta segunda (19). Depois, o texto ainda será apreciado pelo Senado.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse não esperar dificuldades para aprovar o texto. "Minha impressão, pelo que tenho visto na mídia e nas redes sociais, é que vai ter apoio", afirmou.

Cinelli disse que a presença de militares nas ruas do Rio neste sábado fez parte do esquema de segurança para a visita de Temer, que participou de reunião com autoridades do Estado para apresentar o interventor.

No dia-a-dia, a polícia permanecerá com a função de fazer o patrulhamento. O interventor tem poder para gerir também os recursos materiais e humanos das forças policiais e conta com o apoio financeiro do governo federal para tentar reverter o sucateamento da segurança no Estado.

O governador Luiz Fernando Pezão vem alegando falta de verba para, por exemplo, repor os cerca de 2,2 mil policiais que se aposentam a cada ano. Ou para contratar a manutenção da frota -- hoje, mais da metade das viaturas estão paradas.

Segundo o porta-voz, eventuais operações que venham a ser realizadas nos próximos dias ainda são parte de planejamento anterior ao decreto -- as Forças Armadas já atuam em conjunto com o governo do Rio desde o ano passado, sob o regime de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A intervenção foi decretada na sexta com o argumento de que o Rio perdeu as condições de gerenciar a área. Em crise financeira, o Estado vem experimentando crescimento nos índices de criminalidade.

Nesta manhã, autoridades das Forças Armadas que atuam em parceria com o governo do Estado na GLO se reuniram para começar a traçar estratégias para a intervenção na segurança pública do Estado.

CRIVELLA

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que estava em viagem ao exterior desde domingo, também participa do encontro.

Crivella foi para a Europa alegando que buscaria soluções para a segurança da capital. Ele estava fora da cidade durante parte do carnaval e do temporal de quarta (14) à noite, que gerou grandes transtornos à população.

Bastante criticada, a viagem custou cerca de R$ 130 mil. Crivella chegou ao Rio na manhã deste sábado.

Além de Temer, participam da reunião no Rio, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Moreira Franco, entre outros.

Nicola Pamplona
Nicola Pamplona

Correspondente da Folha no Rio, é formado em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora

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