Descrição de chapéu Crise da Água

Crise da água parece não existir em área turística da Cidade do Cabo

'Questionei o gerente do local sobre a razão da falta de alertas', diz repórter

Pessoas aguardam em filas com baldes e galões nas mãos para armazenarem água
Moradores armazenam água, enquanto turistas não percebem situação na Cidade do Cabo - João Silva - 22.jan.2018/ The New York Times
Cláudia Collucci
São Paulo

No início de dezembro do ano passado, a crise hídrica parecia não existir em Waterfront, principal área turística da Cidade do Cabo. Nos hotéis e restaurantes por onde passei, não havia avisos alertando para a grave falta de água que se avizinhava.

Como vinha acompanhando à distância as notícias sobre a escassez, por conta própria, não usei a banheira, evitei banhos demorados e algumas descargas em relação ao "número 1" no apart-hotel onde fiquei hospedada.

Cheguei a questionar o gerente do local a razão da falta de alertas mais explícitos sobre a crise e ele sugeriu que o setor de turismo ainda estava sendo poupado. Não podemos afastar a clientela.

A partir de janeiro, porém, os hotéis começaram a pedir que os hóspedes não usassem banheiras e limitassem o banho a dois minutos ou menos. Alguns restaurantes passaram a usar copos e toalhas descartáveis –alguns as aboliram.

Assim como eu, perto de 10 milhões de turistas visitaram a Cidade do Cabo no ano passado, para conhecer locais famosos como a Table Mountain, vinícolas e praias. O turismo responde por 9% da produção econômica do país (US$ 35 bilhões).

Embora existam muitos visitantes engajados na economia de água, o temor do governo é que uma parte considerável do público que deseja visitar a cidade queira ficar bem longe desses inconvenientes e escolha outros destinos turísticos.

"Não há dúvida de que essa situação já trouxe impacto no turismo", disse Enver Duminy, oficial chefe do escritório de turismo da Cidade do Cabo, em entrevista nesta sexta-feira (2).

Segundo ela, ainda não há dados oficiais disponíveis para quantificar o impacto da falta de água no setor, mas sinalizou que já ocorreram alguns cancelamentos de reservas em hotéis.

A Global Sourcing Association, uma organização sem fins lucrativos com sede em Londres, disse nesta sexta que havia adiado para o final do ano uma grande conferência que aconteceria no próximo mês na Cidade do Cabo. "Esperamos que até lá a situação de seca já esteja um pouco mais aliviada."

Em uma tentativa de limitar o dano econômico, que poderia significar perdas de empregos em um país com 25% de desemprego, a SA Tourism, uma agência governamental, logo embarcará em uma missão global na tentativa de tranquilizar os potenciais visitantes.

"Somos um país resiliente e estou bastante confiante de que vamos encontrar o nosso caminho", disse Sisa Ntshona, presidente-executivo da SA Tourism.

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