Doria diz que Anhembi continuará como centro de eventos depois de privatizado

Declaração contraria especulação em torno de transformação do local em empreendimento imobiliário

Guilherme Seto
São Paulo

O prefeito João Doria (PSDB) disse nesta terça-feira (27) que o complexo do Anhembi, na zona norte de São Paulo, não deixará de ser um centro de exposições e de convenções depois que for privatizado. A declaração contraria o interesse de empresários, que já manifestaram que o local só se tornaria viável financeiramente caso desse lugar a prédios residenciais ou comerciais.

"O Anhembi continuará sendo o Anhembi. Outro dia li uma nota bastante equivocada dizendo que o Anhembi vai se tornar empreendimento imobiliário. Não é fato. O Palácio das Convenções, o Pavilhão de Exposições, o sambódromo, continuarão lá, só que melhorados, aperfeiçoados, com tecnologia, ar-condicionado: aquilo que vai torná-los competitivos”, disse o prefeito em coletiva de imprensa para anunciar o lançamento do primeiro “combo” de parques a ser passado à administração privada.

“Obviamente que também teremos empreendimentos imobiliários que vão complementar essa área, inclusive ampliando a oferta hoteleira, sem comprometer a finalidade do Anhembi”, completou.

Em outubro de 2017, após o Conpresp, conselho municipal de patrimônio, vetar o tombamento do Anhembi, Wilson Poit, secretário de Desestatização e Parcerias, disse que as empresas interessadas já vinham manifestando o interesse em derrubar boa parte das estruturas do local.

"Acredito que sim [que a empresa vencedora demolirá as construções]. São Paulo tem lugares para feiras, mas falta um grande centro de exposições. Ainda estamos perdendo para Cingapura, Miami. Poderemos ter algo assim no Anhembi", disse.

Tramita na Câmara Municipal atualmente um projeto de lei da gestão Doria que aumenta o potencial construtivo do Anhembi e reduz o valor das contrapartidas a serem pagas pelo futuro dono da área para construir acima do limite estabelecido para as construções na região. Com isso, o local se tornaria mais interessante para o mercado. Esse projeto deve passar por votações na Câmara ainda em março, segundo Poit.

Atualmente, o potencial construtivo do Anhembi é de 1 milhão de metros quadrados. O projeto de lei propõe a expansão para 1,6 milhão de metros quadrados, quatro vezes a área total do terreno.

Nesta quarta-feira (28), um pregão eletrônico definirá o assessor financeiro (um banco ou outra instituição do ramo) que administrará o processo de venda das ações da SPTuris, empresa municipal de turismo que opera no Anhembi e será vendida em conjunto com o complexo.

Segundo o cronograma da prefeitura, tanto o Anhembi como a SPTuris devem ser privatizadas até o final do primeiro semestre deste ano.

O Anhembi tem cerca de 400 mil metros quadrados, que incluem o pavilhão de exposições, o Palácio de Convenções, a sede da SPTuris, um jardim projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, a área do estacionamento e o sambódromo.

  Em artigo publicado na Folha em 2016, Doria disse esperar R$ 7 bilhões das vendas do Anhembi e do autódromo de Interlagos.
 

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