Militares cercam favela vizinha a quartel da Marinha, no Rio

Ação é realizada na favela Kelson's, que é dominada pela facção Comando Vermelho

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São Paulo e Rio de Janeiro

Militares do Exército, da Marinha, do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM e policiais civis realizam nesta terça (20) um cerco à favela Kelson's, na Penha, zona norte do Rio. Ao menos quatro suspeitos foram presos até o final desta manhã.

Desde o início da manhã, as entradas da comunidade foram ocupadas pelos militares do Exército. Moradores são submetidos a revista de soldados antes de deixarem a favela, que é vizinha do CIAA (Centro de Instrução Almirante Alexandrino), da Marinha.

O quartel é o maior e mais diversificado centro de formação de praças da Marinha.

Os traficantes da favela são conhecidos pela ousadia. O quartel é separado da comunidade dominada pelo Comando Vermelho por apenas um muro.

No dia 24 de janeiro, dois tiros de fuzil disparados da Kelson's atingiram o ambulatório naval do CIAA.

No mesmo mês, um criminoso armado subiu no muro do quartel e pediu para que os recrutas interrompessem uma atividade física por causa do barulho, de acordo com relato de militares.

Desde a tarde desta segunda (19), militares deixaram os quartéis em Deodoro e ocuparam a entrada de diversas comunidades na região metropolitana do Rio.

Além de favelas cariocas, comunidades em Duque de Caxias e São Gonçalo são vigiadas por soldados do Exército.

Homens das Forças Armadas ocupam a comunidade Kelson's, na zona norte do Rio
Homens das Forças Armadas ocupam a comunidade Kelson's, na zona norte do Rio - Danilo Verpa/Folhapress

CERCO

De acordo com o CML (Comando Militar do Leste), a ação na favela Kelson's faz parte de uma estratégia maior de bloqueios nas estradas, nas vias expressas de acesso ao Rio e nas favelas consideradas como destino de drogas, armas e cargas roubadas.

No primeiro momento, a ideia é bloquear entradas sem, contudo, invadir de fato as comunidades.

De acordo com o coronel Roberto Itamar, porta-voz do CML, as operações iniciadas na noite de segunda (19) têm também o intuito de dar visibilidade à presença militar no Estado.

Enquanto o plano maior da intervenção ainda não está fechado —os militares aguardam a aprovação do decreto presidencial pelo Senado—, o objetivo é colocar militares em pontos estratégicos a fim de, ao mesmo tempo, monitorar movimentações de criminosos, desidratar seus principais redutos e enviar um sinal para a sociedade e os traficantes de que as forças federais estão atuantes.

"É uma operação de visibilidade. Estamos fazendo cercos nos principais destinos de cargas roubadas. Ao mesmo tempo que estamos buscando evitar a entrada de produtos ilegais pelas estradas que chegam ao Rio, estamos bloqueando também a entrada das favelas que muitas vezes são receptadoras dessas mercadorias", afirmou Itamar.

INTERVENÇÃO FEDERAL

Na última sexta-feira (16), o presidente Michel Temer anunciou a intervenção na segurança pública do Rio.

Na madrugada desta terça, a Câmara dos Deputados aprovou o decreto de intervenção. O texto foi aceito por 340 votos a favor e apenas 72 contra, além de uma abstenção.

Agora, o decreto, que tramita em regime de urgência, seguirá para o Senado Federal, onde deve ser apreciado em plenário nesta terça. Lá, tem que ser aprovado também por maioria simples.

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