Fernanda Pereira Neves
São Paulo

Fosse na juventude, com os pais e dois irmãos, ou na vida adulta, com o marido e as filhas, Vera estava sempre discutindo assuntos ligados ao direito, mesmo quando ainda lhe faltava a formação.

Cercada por advogados e promotores, profissão de seu pai e seu marido, ela sabia do que falava, além de ter uma rapidez de argumento que ultrapassava a dos dois letrados.

"Ela paga para não entrar numa briga e paga o dobro para não sair dela", costumava brincar o marido, Windor, sobre sua disposição para defender seu ponto de vista.

Apesar da familiaridade com o assunto, acabou adiando a faculdade de direito. Cuidou das filhas e acompanhou o marido por cidades como Andradina e Santo André antes de voltar aos estudos, já próximo dos 40 anos. Após a delonga, se especializou em direito da família.

Paulistana, Vera mantinha a rebeldia da menina que recusou o véu e a grinalda no casamento, mas também tinha a disciplina herdada da época do colégio interno. A prova estava na casa e nas roupas: sempre alinhadas.

"Era consumista mesmo", brinca a filha, também chamada Vera, sobre as unhas, roupas e bolsas impecáveis.

Já no humor, era leve, descontraída. Gostava de brincar, dançar e receber amigos. Se costumava ser regrada com as filhas, acabou perdendo a habilidade com os netos.

Manteve o bom humor e a elegância mesmo na cama do hospital. Morreu dia 9, aos 73, após um câncer. Deixa marido, duas filhas e três netos. 

coluna.obituario@grupofolha.com.br


Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.