Fernanda Pereira Neves
São Paulo

Era outubro de 1972, sexta-feira 13, quando Marília Valls abriu seu caminho na moda carioca. Pombas brancas foram soltas na inauguração de sua loja na rua Montenegro —hoje Vinícius de Moraes—, em Ipanema. “Para representar a libertação da mulher”, disse na ocasião, conta a filha Ciça.


O nome era singelo: Blu Blu, uma brincadeira pela limitação financeira da estilista, que, para fazer peças marcantes, decidiu adiar a confecção de saias e vestidos e se limitou às blusas —daí o nome. Mal sabia que blusas e camisas bastariam para se destacar, pelo menos no começo. 


Marília já conhecia costura e moda desde pequena. Influência da mãe, costureira, que a embelezava com rendas e cores. “Fui criada para ser exibida, como se fosse uma boneca”, chegou a dizer em entrevistas anos depois. Mas foi o divórcio que a fez transformar roupa em profissão. 


Com a Blu Blu, ditou moda. A cada nova coleção, abusava de cores, estamparias e rendas, com desfiles que podiam ser na varanda da loja, nas ruas de Ipanema ou mesmo no Arpoador. Na passarela, nomes importante como Betty Lago e Monique Evans. 


Foram 15 anos de Blu Blu, mas mesmo depois Marília continuou ligada à moda. Deu aulas, fez parte do grupo Moda-Rio, em prol das criações cariocas, e se encantou pelas cores da marca Marimekko. 


De personalidade firme e sempre alegre, tinha orgulho de ser filha de mãe cearense e de seu sobrenome catalão. 


Foliona desde criança, morreu no meio do Carnaval, no dia 11, em decorrência de um AVC sofrido há anos. Deixa o marido, Eduardo Sued, duas filhas, um genro e um neto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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