As caminhadas matutinas de Benedicto José Nogueira não eram longas, mas eram regulares, tanto quanto a flor que ele deixava para a jovem dona de uma casa de ração do bairro em que morava em Jacareí, no interior paulista.
Se a loja estivesse fechada, a flor era deixada na entrada para que a dona a visse assim que chegasse; se Benedicto não encontrasse um flor pelo caminho, uma folhinha podia dar conta do recado.
Os pequenos gestos de gentileza eram sua marca registrada. Tanto que as palavras fofinho, bonzinho e bonitinho se tornaram frequentes na hora de pessoas descrevê-lo, conta o filho também chamado Benedicto.
Nascido na pequena Santa Branca, ele se mudou ainda criança para Jacareí com os pais e dez irmãos atrás de mais opções para tratar a saúde debilitada de sua mãe.
Abandonou os estudos ainda no primário, e teve que ajudar em casa desde cedo.
Na vida adulta, trabalhou na empresa de ônibus Pássaro Marrom e depois na rádio Eldorado, onde ficou por 30 anos atuando como auxiliar de transmissão.
Se gostava da carreira, ninguém sabia ao certo. Mais importante do que gostar era prover a família, diz o filho.
Calado, tranquilo, ele gostava de pescar, participar das atividades da igreja e fazer brinquedos de madeira, que viravam presente às crianças.
Morreu dia 11, aos 81, por falência dos órgãos, provavelmente devido a um câncer. Deixa a mulher, Maria, quatro filhos e quatro netos.
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