Foi a inquietude para ver os bastidores do poder e a vontade de comunicar com maestria que fizeram com que José Negreiros, maranhense de São Luís, se mudasse aos 20 anos para a capital do país.
Aos 14, já havia trabalhado como radialista em sua cidade natal, o que o fez descobrir a sua vocação. Assim, fez jornalismo na UnB (Universidade de Brasília) e seguiu para redações de grandes jornais e revistas do país, cobrindo principalmente economia e política. Passou pelo “Correio Braziliense”, por “O Globo”, pela “Veja”, entre outros.
Negreiros era atencioso, paciente e constantemente ajudava os colegas. Costumava dar autonomia aos repórteres, mas sempre com uma orientação baseada em histórias já vividas por ele. Entrava em contato com ex-colegas só para dar palpites e sugestões, conta o amigo Chico Amaral, do jornal “O Globo”.
Na vida pessoal, não era diferente. Eram histórias e mais histórias, algumas até sem graça, mas que sempre acabavam prendendo a atenção das pessoas, diz o filho Tiago.
Em casa, era carinhoso e não media esforços para atender aos filhos. No final dos anos 1980, chegou a viver uma aventura durante viagem aos EUA só para comprar uma chuteira Puma para o filho — na época, o produto não era vendido no Brasil.
“Foi uma jornada épica. Enfrentamos quase 100 km com muitas ligações em orelhões, frio, neve, táxis, metrô e ônibus até chegarmos à loja. Foi um momento inesquecível de amor”, lembra Tiago.
Morreu no dia 12, aos 68, após nove anos de luta contra o câncer. Deixa a mulher, Luciana, três filhos e três netos.
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