Viaduto de principal via de Brasília desaba; não há relato de vítimas

Restaurante que chega a atender 300 pessoas por dia foi atingido 

Rubens Valente Natália Cancian
Brasília

De acordo com as autoridades, não há relatos sobre vítimas.

A área foi isolada pelos bombeiros em todos os sentidos. Henrique Luduvice, diretor-geral do DER-DF (Departamento de Estradas de Rodagem), disse que será iniciado o escoramento da estrutura para evitar riscos de nova queda da parte restante e continuar a análise sobre as possíveis causas do desabamento.

"[O restante] da estrutura ainda corre o risco de desabamento, então temos que escorar e fazer a avaliação técnica adequada e necessária."

Um grupo de trabalho formado por órgãos responsáveis por obras, como o DER e a Novacap, segundo o governo do DF, vai elaborar um plano emergencial que prevê uma "análise criteriosa da estrutura, além de desvio do tráfego na região".

Estabelecimentos comerciais, incluindo um restaurante de comida a quilo, funcionam na área do acidente. Mesas do restaurante "Floresta" ficaram debaixo dos escombros.

 

Segundo sua proprietária, Pavleska Miranda, o acidente ocorreu por volta de 11h30. "A faixa do Eixão (via) desceu inteira", disse.

Geralmente, cerca de 300 pessoas frequentam o local durante o almoço. Na hora da queda, aproximadamente 15 estavam no estabelecimento —mas não há relatos de feridos, por enquanto.

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou que uma avaliação técnica já está sendo feita pelos órgãos competentes para verificar a causa da queda.

"São viadutos antigos. Fizemos a manutenção e o reforço em alguns, mas infelizmente esse [que desabou] ainda não tinha recebido manutenção", disse.

O trecho do viaduto que desabou data de 1960, na época da construção de Brasília. Ele foi erguido pela Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil) e repassado ao DER na década de 1980, quando passou a fazer parte do sistema rodoviário do DF.

"Além da vida útil, eventuais fissuras, trincas, infiltrações e corrosão podem ter sido a causa desse desabamento", diz Luduvice, do DER.

Segundo o diretor, em 2009, o órgão e um grupo de instituições do governo do DF fizeram um relatório que apontou a necessidade de orçamento específico para manutenção de pontes e viadutos da capital federal.  Desde então, diz o diretor, ao menos seis deles passaram por obras, mas há necessidade de outras.

"A crise econômica tem dificultado a existência de orçamento para esses investimentos. Esses recursos [de manutenção] estão aquém do que se precisa", afirmou o diretor.

 
Em 2012, uma Auditoria do TC-DF (Tribunal de Contas do DF) sobre a Conservação e Manutenção de Bens Públicos, avaliou três pontos da rodovia DF-002, conhecida como o Eixão. O local onde ocorreu o desabamento, um viaduto sobre o retorno da Galeria dos Estados, estava entre eles.

O TC-DF apontou a necessidade urgente de reparos e manutenção daquela estrutura.

Desde então, a Corte tem reiterado determinações para que o Governo do DF implemente um plano de conservação de bens e monumentos públicos e destine recursos para essa ação, o que não foi cumprido integralmente pelo GDF.

CARROS SOTERRADOS

Dezenas de carros estavam estacionados nos arredores do viaduto no momento do acidente. Segundo o Corpo de Bombeiros, quatro foram soterrados.

O vendedor Fernando Francisco da Silva, 38, é um dos donos de um carro soterrado, um Palio de 2015. Ele afirmou que não estava com o seguro em dia e que pretende acionar a União.

"Amigos me ligaram e comentaram, e eu vim correndo. Deixei aqui o carro por duas horas, e foi o tempo em que aconteceu. Nunca imaginei que isso poderia ocorrer. Às vezes eu ficava esperando dentro do carro até dar o horário de visitar os clientes", disse Silva.

Outro que teve o carro atingido foi Lindemberg Igor, 50, funcionário do BRB (Banco de Brasília). Ele deixou sua camionete Hilux estacionada no local para ir almoçar. Cinco minutos depois, ouviu um estrondo e soube da queda.

"Foi o tempo de eu deixar o carro e voltar. A parte mais pesada do viaduto ruiu em cima do meu carro. Foi Deus mesmo", disse.

EIXÃO

Mais conhecido como Eixão, o Eixo Rodoviário de Brasília liga os extremos das asas sul e norte, que são os principais bairros de Brasília.

No centro da cidade, ele cruza com o Eixo Monumental, outra via importante do Plano Piloto e na qual estão as sedes dos ministérios e os prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Palácio do Planalto.

No domingo (4), a laje de uma garagem subterrânea desabou em um prédio no Distrito Federal. O acidente, em um condomínio de apartamentos no bloco C da 210 Norte, esmagou 25 carros. Ninguém ficou ferido.

A presidente do Crea-DF (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do DF), Fátima Có, afirmou que a entidade vai fazer um levantamento da situação das estruturas mais antigas de Brasília.

"Vamos levantar todas essas áreas para mostrar a necessidade de recuperações e para que haja verba para que isso aconteça", disse a presidente do Cre.

Segundo Fátima, ainda é cedo para fazer um diagnóstico das causas do desabamento. "Tudo indica que foi falta de recuperação, mas é preciso uma perícia", completa.

Colaborou Marina Dias, de Brasília.

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