Turistas ignoram lei e levam cães a praias do litoral norte de SP

Multa varia de R$ 35 a até R$ 250 mil para quem repetir esse tipo de infração

Cachorro na praia da Enseada em Ubatuba, no litoral norte de SP
Cachorro na praia da Enseada em Ubatuba, no litoral norte de SP - Diego Padgurschi /Folhapress
Reginaldo Pupo
São Sebastião (SP)

O passeio de Espoleta pela praia de Guaecá, em São Sebastião (SP), em janeiro, foi frustrado pela pergunta da reportagem da Folha.

"Gente, verdade? Eu não sabia! Será que vão me multar?", disse a nutricionista Carla Pompeu Azeredo, 26.

Espoleta, o cachorro de Carla, da raça Chow Chow, não é bem-vindo em nenhuma praia do litoral norte de São Paulo. Nem há faixa de areia reservada para bichos.

Há leis municipais que proíbem a presença de animais domésticos na areia, com multas que variam de apenas R$ 35 a até R$ 250 mil em casos de reincidência.

Prefeituras dizem fiscalizar e orientar donos, mas ninguém até hoje foi multado. Mesmo com placas com informes sobre a proibição, turistas levam seus bichos até para mergulhar no mar.

A poucos metros dali, o professor de educação física Gerson Barrios, 22, brincava com o dobermann Trovão, na beira do mar, sem coleira.

"Vim dar um passeio de apenas cinco minutinhos com ele e já estamos indo embora", disse, após ser informado sobre a proibição.

A Ascam (Associação de Surf, Cultura e Ambiente) da praia de Camburi, também em São Sebastião, identificou em dois finais de semana de janeiro 68 banhistas com cães. Eles levaram "cartão amarelo" dos educadores ambientais com a cópia da lei e a informação do valor da multa --de R$ 600 na cidade.


CONTAMINAÇÃO

As multas ficam a cargo da prefeitura. Algumas têm apoio da Polícia Militar durante as fiscalizações.

Os valores são de R$ 35 a R$ 105 em Caraguatatuba, de R$ 500 em Ilhabela, R$ 600 em São Sebastião e de R$ 250 a R$ 250 mil em Ubatuba --o valor extremo se o dono insistir em ficar com o animal na praia e for reincidente.

A Prefeitura de Bertioga prevê fiscalização para orientar turistas, mas não multa.

Segundo as prefeituras, a presença de cães nas praias seria a causa de casos de doenças de pele neste ano por parasitas encontrados nas fezes de cães e gatos.

A universitária Clara Letícia Ascêncio, 25, de São Carlos (SP), conta que teve bicho geográfico logo após o Réveillon na praia de Maresias, em São Sebastião. Outros 15 amigos com quem viajou também foram contaminados.

Além do bicho geográfico, os animais domésticos podem transmitir o bicho-de-pé, causado por uma pulga, micoses na pele e verminoses como giardíase e isosporose, segundo o médico veterinário Raphael Hamaoui, do Hospital Veterinário Cães e Gatos, de Osasco.

Os mais afetados são as crianças, por normalmente ter mais contato com a areia.

Apesar do surgimento dos casos, as prefeituras de Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba não possuem números oficiais, pois, segundo elas, o registro não é obrigatório.

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