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Agência Lupa: Promessas de governadores às mulheres não decolaram

Protesto contra abusos sofrido por mulheres promovido pela ONG Rio de Paz
Protesto contra abusos sofrido por mulheres promovido pela ONG Rio de Paz - Ricardo Borges/ Folhapress
Agência Lupa

“Promover igualdade de oportunidades (entre homens e mulheres) na gestão pública” - Rui Costa (PT), governador da Bahia, no programa de governo que registrou no TSE em 2014

FALSO - Das 23 secretarias do Governo do Estado da Bahia, só cinco são chefiadas por mulheres. São elas: as secretarias de Desenvolvimento Urbano; do Trabalho, Emprego e Esporte; de Cultura; de Políticas para Mulheres e a de Igualdade Racial. Isso quer dizer que as mulheres ocupam 21,7% dos cargos de chefia da gestão pública de Rui Costa. Procurado, o governo da Bahia não respondeu.


“Implantar o programa Bolsa Parteira, como forma de valorização do trabalho dessas mulheres e seus conhecimentos tradicionais sobre saúde da mulher” - Tião Viana (PT), governador do Acre, no programa de governo que registrou no TSE em 2014

FALSO - O Bolsa Parteira foi instituído por lei no Acre em 2013. Apesar disso, até o início de março não havia sido implantado, informa a Secretaria Estadual de Saúde. Segundo a lei, as parteiras de quatro municípios teriam direito a bolsa auxílio de R$ 250 para prestar assistência ao parto domiciliar em áreas de difícil acesso, mas o benefício nunca foi pago. Em nota, a secretaria de Políticas para Mulheres informou que o Bolsa Parteira não é executado porque não há “disponibilidade orçamentária e financeira”. A secretaria de Saúde disse que, desde 2016, mesmo sem o programa, capacita parteiras tradicionais e indígenas e distribui kits para partos.


“Ampliar o número de unidades móveis destinadas ao atendimento de mulheres vítimas de violência no campo” - Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás, no programa de governo que registrou no TSE em 2014

FALSO - Goiás conta hoje com dois veículos destinados ao atendimento, acolhimento e orientação (jurídica e psicológica) das mulheres em situação de violência no campo e na floresta. Ambos foram doados pelo governo federal em agosto de 2013, como parte do programa Mulher, Viver sem Violência, da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Desde então, nenhuma nova unidade móvel foi adquirida pelo governo de Goiás. Procurado, Marconi Perillo não retornou.


“Ampliar as ações destinadas a concretizar os direitos, a igualdade e a dignidade das mulheres” - Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, no programa de governo que registrou no TSE em 2014

FALSO - Em 2012, Alckmin implementou a Coordenação de Políticas para a Mulher (CPM) para criar “novas políticas importantes de ações afirmativas necessárias para as mulheres”. Desde então, relatórios anuais do governo mostram que, neste mandato, não houve a anunciada ampliação dessas ações. Em 2014, a CPM fez 16 ações. Em 2015, oito. Em 2016 (último dado disponível), 12. Procurado, o governador afirmou que vários órgãos e secretarias de seu governo realizam políticas para a mulher, e não só a CPM.


“Os indicadores de (...) inserção no mercado de trabalho apontam que as mulheres não se encontram em situação de desvantagem em relação aos homens” - Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, no programa de governo que registrou no TSE em 2014

FALSO - Em 2012, ano mencionado por Richa no programa de governo, 69,8% da população masculina tinha emprego. Entre a população feminina, o índice caía para 64,4%. Segundo Richa, as mulheres ocupadas estudavam mais do que os homens, o que significaria que não havia desvantagem. Isso não se refletia em melhor remuneração: o próprio programa de governo diz que a diferença salarial chegava a 55,1% em favor dos homens em 2012 no PR. Dados atuais do Ministério do Trabalho, de 2016, mostram que isso persiste: as mulheres paranaenses recebem menos do que os homens em todos os níveis educacionais. 
Em nota, Richa diz que dados do IBGE mostram que a diferença salarial vem caindo —de  32% em 2012 para 26% em 2016 no Paraná.

Falso - A informação está comprovadamente incorreta.

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