Descrição de chapéu Chuvas

Três morrem após chuva e 525 são afetados por desabamentos em SP

Idosa, vigilante e bebê morreram; capital registrou quedas de 137 árvores e 24 casas

Dhiego Maia
São Paulo

A tempestade que atingiu a capital paulista entre a tarde e a noite desta terça-feira (20) matou três pessoas e afetou ao menos 525 pessoas, de acordo com a gestão Doria (PSDB).

Sem especificar se os atingidos pela chuva forte estão desabrigados ou tiveram que deixar suas casas temporariamente, a prefeitura informou apenas que os atendimentos prestados às vítimas estão relacionados a ocorrências de desabamentos.

A prefeitura também não informou quantas pessoas estão nos albergues públicos. A Folha questionou a gestão Doria e aguarda informações sobre a situação geral dos moradores atingidos pela enchente.

Em nota, a prefeitura afirmou que disponibilizou 524 colchões e cobertores, 199 cestas básicas e 185 kits de higiene e limpeza para as famílias que não aceitaram acolhimento e escolheram ficar na casa de parentes e amigos.

Ponto de alagamento na avenida Nove de Julho, próximo à praça da Bandeira, durante forte chuva que atingiu a região central de São Paulo
Ponto de alagamento na avenida Nove de Julho, próximo à praça da Bandeira, durante forte chuva que atingiu a região central de São Paulo - Nelson Antoine/Folhapress

No final da manhã desta quarta-feira (21), a cidade ainda enfrentava reflexos da tempestade, com semáforos desligados e árvores caídas em ruas e avenidas. 

Segundo a Defesa Civil, 137 árvores caíram e outras 24 moradias desabaram na cidade nas últimas 24 horas. A maioria das quedas de árvores –27 no total– ocorreu na região de Vila Mariana (zona sul), onde choveu 85,2 milímetros.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), responsável pela gestão do trânsito paulistano, contou, até as 11h desta quarta, 45 semáforos com falhas —36 estavam apagados e outros nove com amarelo piscante. Ao todo, a capital possui 6.400 equipamentos.

Entre quedas de árvores e ocorrências relacionadas à inundação, o Corpo de Bombeiros disse que prestou 190 atendimentos entre esta terça e quarta.

Também foram registrados 52 pontos de alagamentos — sendo 29 intransitáveis— que interditaram corredores de transporte cruciais, como a Marginal Tietê e as avenidas Rebouças e 23 de Maio.

Por conta dos transtornos no trânsito, a secretaria de mobilidade e transportes cancelou as multas aplicadas pelos motoristas que desrespeitaram o rodízio das 17h às 20h desta terça. "A medida visa não prejudicar os motoristas afetados por pontos de alagamentos em razão das fortes chuvas."

 A Secretaria também disse que só manteve o rodízio para evitar que mais carros prejudicassem os motoristas já impactados pelos congestionamentos. 

TEMPESTADE

A chuva que caiu na capital foi a primeira do outono, estação que deu as caras às 13h15 desta terça.

Choveu 35,1 milímetros —cerca de 20% do esperado para o mês de março, de acordo com dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), órgão da prefeitura. 

O temporal colocou toda a cidade em estado de atenção e foi acompanhado de muitos raios. Segundo o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) caíram 4.360 descargas na capital paulista, com maior incidência das 16h às 20h desta terça. “Esse número é considerado muito alto para a cidade em 24 horas”, informou o órgão do Inpe.

MORTES

No Limão (zona norte), parte da parede de uma casa desabou na rua Maria Renata e atingiu a idosa Vitoriana Leão, 85, segundo os bombeiros. Ela sofreu parada cardiorrespiratória, chegou a ser socorrida no local, mas morreu. Outras duas pessoas da casa foram socorridas com ferimentos leves.

A segunda morte ocorreu na rua Capitão Francisco Teixeira, na Água Branca (zona oeste), onde há um córrego. Uma menina de 1 ano e nove meses não resistiu ao desabamento da casa.

Segundo o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a casa foi arrastada pela enchente, e as vítimas foram levadas junto. "Os escombros pararam na boca de um córrego", afirmou. Um adulto e uma segunda criança ficaram feridos.

Em Pinheiros, também na zona oeste, o vigilante Gerson de Santana, 43, foi atingido por uma árvore de grande porte que caiu em cima dele e o prendeu. Ele foi socorrido pelos bombeiros e levado ao Hospital das Clínicas, e morreu no local

Em nota, a gestão Doria (PSDB) afirmou que lamenta as mortes. Segundo a prefeitura, as chuvas “foram consideradas muito acima da média”. " Em algumas regiões, São Paulo recebeu 80 milímetros de chuva em duas horas, o que equivale à expectativa de 40% de precipitações para o mês", disse a prefeitura.

PREVISÃO

Para o CGE, as temperaturas não deverão subir muito nesta quarta, em função da grande cobertura de nuvens e da influência dos ventos que passam a soprar no sul e no sudeste.

Na quinta-feira (22), as instabilidades diminuirão sobre o estado, mas ainda são previstas chuvas isoladas de curta duração e com baixo potencial para a formação de alagamentos. As temperaturas devem variar entre 19°C26ºC.

Já na sexta (23), a quantidade de nuvens diminuirá e o sol ganhará força. A máxima prevista será de 28°C, com índices de umidade do ar entre 50% e 90%.

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