Descrição de chapéu Obituário Fernanda Oliveira Cavalcante Demes (1956 - 2018)

Da coleta de pedrinhas aos grandes projetos

Geóloga atuou na construção do Açude Castanhão e na limpeza da orla de Fortaleza

Fernanda Oliveira Cavalcante Demes (1956-2018)
Fernanda Oliveira Cavalcante Demes (1956-2018) - Arquivo Pessoal
Fernanda Pereira Neves
São Paulo

No sítio do avô, nos arredores de Aquiraz, no Ceará, a pequena Fernanda coletava dos chãos pedras, plantas e até areia. Ficava tão entretida que, certo dia, desapareceu em meio às carnaúbas, preocupando os familiares, que iniciaram uma busca. Passado um tempo, a garota, na época com cinco, seis anos, foi encontrada de cócoras com aqueles “brinquedos” que a fascinavam. Nem havia percebido que estava sozinha. 

A menina cresceu, mas sua atração pelas pedras, plantas e areia continuou. Não à toa, escolheu a geologia como profissão e foi trabalhar na Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará. Foram 35 anos atuando em projetos como a construção do Açude Castanhão e o da limpeza da orla de Fortaleza. Arrumou algumas brigas com moradores e comerciantes no processo, mas adorava o que fazia. 

Foi a geologia também que fez Fernanda encontrar o marido, Pedro. O professor conquistou a aluna dedicada e ficaram casados por 33 anos. 

Determinada e exigente com ela mesma, Fernanda tinha poucos momentos longe da geologia, quando aproveitava para ler e cuidar de suas plantas e aves. Apesar de caseira, não dispensava as saídas com os amigos. “Era uma amiga engraçada depois de umas duas cervejas”, brinca a irmã, Fabíola. 

Com o mestrado concluído recentemente, Fernanda se preparava agora para uma nova jornada: dar aulas. Projeto interrompido no dia 22, quando morreu após um ataque do coração, aos 61 anos. Deixa o  marido, dois irmãos, cinco sobrinhos e o cão Rashid, que quase um mês depois ainda a aguarda na porta de casa. 

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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