De helicóptero, Exército vigia morro do Alemão e prepara nova operação

Acessos e possíveis rotas de fugas de traficantes tem sido mapeados no RJ

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Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro
Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro - Danilo Verpa/Folhapress
Rio de Janeiro

Símbolos da tentativa de retomada pelo Estado de territórios dominados pelo tráfico de drogas no início da década, os Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, são alvos de monitoramento pelo Exército.

O objetivo é mapear diferentes acessos e possíveis rotas de fugas de traficantes para uma futura ação coordenada pelo interventor federal no Rio, o general Walter Braga Nettoo presidente Michel Temer (MDB) decretou a intervenção federal na segurança pública do Estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

No último domingo (23), o sobrevoo de dois helicópteros da Força foram a face mais visível da ação no Alemão (69 mil habitantes) e na Penha (com 35 mil). As aeronaves vigiaram e captaram imagens dos complexos de favelas, que se estendem por cinco bairros da zona norte.

Nos últimos dias, drones da Polícia Civil também passaram a registrar imagens dessas comunidades. 

Moradores do Complexo do Alemão relataram os sobrevoos das aeronaves e dos drones. Procurado pela reportagem, o CML (Comando Militar do Leste) confirmou a estratégia de observação.

Em novembro de 2010, uma operação conjunta do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), das polícias Militar e Civil, que contou ainda com o inédito apoio logístico da Marinha, expulsou o tráfico da Vila Cruzeiro, uma das comunidades do complexo da Penha.

Na ocasião, o país testemunhou ao vivo pela TV o cerco policial na favela e a fuga em massa de traficantes, por uma área de mata, para o Alemão, favela vizinha, que não era ainda alvo de ação policial.

 
Agora, as aeronaves usadas pelo Exército no sobrevoo aos dois complexos de favelas são equipadas com o chamado “olho de águia”, sistemas de câmera de alta capacidade e com sensores de movimento e calor. A vantagem do sistema é que as aeronaves podem ficar distantes do alvo durante todo o o trabalho de monitoramento.

No último domingo, um helicóptero do Exército captou imagens a três quilômetros das comunidades dos dois complexos, em voo em cima do bairro de Ramos.

Em seguida, um segundo helicóptero sobrevoou a área por 30 minutos, dessa vez mais próximo ao solo, para confirmar a localização de vias internas e becos dos dois complexos. As imagens são transmitidas para o centro de comando da intervenção.

ACESSO DIFÍCIL

Considerados dos mais difíceis para a polícia subir por causa das vias estreitas e do pesado armamento dos criminosos, os complexos vizinhos já foram o quartel-general da facção criminosa Comando Vermelho no Rio.

Expulsos em 2010, os traficantes retomaram o comércio de drogas nas favelas locais e acirraram os confrontos desde que a crise financeira atingiu o Estado há cerca de três anos.

O tráfico domina a maior parte do Alemão e da Penha e montou barricadas em vários pontos. Desde o início da década, foram gastos mais de R$ 700 milhões em obras na região. Foi erguido um teleférico, que está desativado, com cinco estações espalhadas pelo Alemão.

Os dois complexos contam com oito UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora). Em abril, após a série de confrontos com mortes, a polícia instalou uma torre blindada na UPP da Nova Brasília. O equipamento tem dois andares e seteiras, pequenas janelas que possibilitam disparos de armas. A torre conta também com um refeitório e banheiro.

Os helicópteros estão também monitorando outras comunidades desde que Temer decretou a intervenção, há duas semanas. Desde a semana passada, forças de segurança têm feito operações pontuais em favelas com o apoio de militares do Exército.

 
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