Cerca de mil pessoas foram no final da tarde desta sexta-feira (16) à escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em um novo protesto contra a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite de quarta.
Em menor número que o ato de quinta (15), os manifestantes cantavam "Marielle, presente, hoje e sempre" e "Anderson, presente".
Cartazes diziam "Mulher negra resiste", "Ideias são a prova de bala" e "execução ≠ assassinato". O protesto teve início por volta de 18h15.
"Em 2016 foi minha primeira eleição, e a candidata que elegi esta morta. O sentimento que eu tenho é de impotência", afirmou Mayara Gomes, 20, estudante.
Entoando "Chega de chacina, eu digo não à polícia assassina" os manifestantes começaram a caminhar até a igreja Candelária.
Com um cartaz dizendo "Luto é verbo", a estudante Isabela Neves, 19, foi protestar pelo segundo dia seguido.
"Marielle era uma mulher negra de periferia. No momento que ela conseguiu uma voz, foi executada", disse.
Crime
O assassinato a tiros da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista e a repercussão nacional e internacional do crime reforçaram a pressão sobre os interventores federais no Rio, deixando encurralados os militares do Exército responsáveis pela segurança do estado.
Veja tudo o que se sabe sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco
Decretada pelo presidente Michel Temer (MDB) com a justificativa de frear a escalada da violência, a intervenção completa um mês nesta sexta-feira (16), dois dias depois da morte de Marielle, 38, e do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, em uma rua do Estácio, na zona norte, à noite, a menos de 200 metros de uma cabine da Polícia Militar.
Nascida e criada no complexo de favelas da Maré e crítica frequente da violência policial em áreas pobres, a vereadora levou quatro tiros na cabeça quando voltava de um evento. Nada foi roubado, e os criminosos fugiram. O motorista levou três tiros, e uma assessora sobreviveu. A principal hipótese dos investigadores é de crime premeditado.
Integrantes da cúpula da intervenção federal disseram à Folha que a ação criminosa contra uma autoridade, com potencial de repercussão política e social, foi vista como uma afronta ao trabalho dos militares do Exército.
Sob comando do general Walter Braga Netto, eles participaram de uma série de reuniões e cobraram da Polícia Civil, que teve seu comando trocado na última semana, um desfecho rápido sobre os autores do crime. Ao menos oito equipes da Delegacia de Homicídios trabalham no caso.
Oficialmente, Braga Netto evitou se expor. Limitou-se a divulgar nota dizendo repudiar ações criminosas e monitorar a investigação em contato permanente com Richard Fernandez Nunes, general nomeado secretário da Segurança.
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