Ex-comandante do Bope é escolhido para assumir Polícia Militar do Rio 

Secretário anunciou também delegado de Divisão de Homicídios para chefiar a Polícia Civil 

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Soldado fardado diante de casa com paredes pichadas e moradores nas janelas
Soldado do Exército durante ocupação ao complexo do Chapadão, na zona norte do Rio - Danilo Verpa/Folhapress
Rio de Janeiro

O secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Fernandez Nunes, anunciou nesta terça-feira (6) os nomes que comandarão as polícias do estado. 

O ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) coronel Luis Cláudio Laviano foi nomeado comandante-geral da PM, em substituição ao coronel Wolney Dias. Já o nome escolhido para a chefia da Polícia Civil foi o do delegado Rivaldo Barbosa, que comandava até então a Divisão de Homicídios, em substituição a Carlos Leba

O coronel Laviano, da PM, já comandou o chamado CPP (Comando de Polícia Pacificadora), que coordenava as ações das UPPs no estado no início do projeto. Atualmente, as UPPs voltaram a ser subordinadas aos batalhões de área. 

Segundo a secretaria de Segurança, Laviano terá como missão dar prioridade à valorização dos policiais, bem como produzir um diagnóstico sobre as condições de trabalho. Há ainda a determinação para que o novo comandante trabalhe para integrar melhor a PM com os demais órgãos da segurança pública.

Para o novo chefe da Polícia Civil também foi pedido que ele dê prioridade à valorização profissional dos policiais.

Barbosa já chefiou a divisão de capturas da Polícia Civil, a Polinter, e já ocupou o cargo de titular da subsecretaria de Inteligência do Rio.

O general Richard Fernandez Nunes foi nomeado na semana passada para o cargo de secretário de Segurança do Rio. Num primeiro momento, acreditava-se que ele trocaria de imediato o comando das polícias, o que não ocorreu. Nesta terça os nomes foram conhecidos por meio de nota. 

Um dos objetivos da intervenção federal na segurança será reequipar as polícias, fortalecer as corregedorias e fazer operações contra o crime organizado. 

A intervenção foi decretada pelo presidente Michel Temer em 16 de fevereiro. O comando da segurança pública ficará a cargo do governo federal até 31 de dezembro.

CRISE

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado. 

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente neste ano, 16 PMs foram assassinados no estado --foram 134 em 2017.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu –estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Com a escalada nos índices de violência, o presidente Michel Temer decretou a intervenção federal na segurança pública do estado, medida que conta com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão (MDB).

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe dos forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com as polícias Civil e Militar, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. Braga Netto trabalha agora em um plano de ação.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.
 

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