Forças Armadas fazem operação em 'quartel-general' de facção no Rio

Ação ocorre em São Gonçalo; militares dizem que foram recebidos a tiros 

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Luis Kawaguti Marina Lang
Rio de Janeiro | UOL

As Forças Armadas, a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal deflagraram uma operação às 6h desta sexta-feira (2), no Jardim Catarina, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

A ação ocorre próximo ao Complexo do Salgueiro, considerado uma espécie de "quartel-general" do Comando Vermelho em São Gonçalo. O principal objetivo das forças de segurança é deter suspeitos de ligação com a facção.

Por volta das 6h, houve confrontos entre criminosos e policiais apoiados pelas Forças Armadas. Militares disseram que a "resistência" foi vencida rapidamente. Não havia registro de feridos até as 8h30.

As forças de segurança disseram que houve detenções, mas não confirmaram quantas. Um balanço deve ser divulgado ainda nesta sexta-feira.

A ação, coordenada pela Seseg (Secretaria de Estado de Segurança), é a primeira operação sob comando do novo secretário de Segurança, general Richard Fernandez Nunes, que assumiu após a intervenção federal no Rio.

Em nota, a pasta informou que "as Forças Armadas estão responsáveis pelo cerco, desobstrução de vias e ações de estabilização, empregando cerca de mil militares". Participam também da ação cem agentes da Polícia Civil e 70 da Polícia Rodoviária Federal.

Ainda segundo a Seseg, algumas ruas e acessos nessas áreas podem ser interditados, e setores do espaço aéreo poderão ser controlados, oportunamente, com restrições dinâmicas para aeronaves civis.

Não há interferência nas operações dos aeroportos.

COMERCIANTES APROVAM

No começo da manhã, as Forças Armadas faziam cerco e abordagem em algumas das principais ruas da região.

Algumas incursões dentro das vielas transversais foram feitas, sem registro de conflitos. Soldados estavam checando identificações e fazendo revista de mochilas de moradores, de veículos e, principalmente, de motos.

Um comerciante local, que preferiu não se identificar, disse que não poderia falar por receio de retaliações de criminosos, mas depois concordou em opinar. "Acho a operação muito boa. Há muita criminalidade aqui nesta região", afirmou.

Para exemplificar, aponta para o balcão de seu estabelecimento e diz: "Fui buscar produtos lá atrás e, quando voltei, tinham levado o isqueiro preso do balcão. Veja bem, fazem isso por um isqueiro", reclama.

Outros dois comerciantes que assistiam às ações de cerco e que também preferiram não se identificar também se posicionaram favoráveis às Forças Armadas. "Ficamos surpresos quando chegamos aqui, mas achamos a ação válida, sim", afirmaram.

"Tem que acabar com essa pouca vergonha do crime. Eu apoio esse tipo de ação, sim", declarou um ciclista, sob anonimato.

OITO MORTOS

Em novembro de 2017, após uma operação da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil) com apoio das Forças Armadas, 11 pessoas foram achadas baleadas, sendo que oito morreram, no Complexo do Salgueiro.

O Ministério Público Militar investiga o caso, mas não foi possível concluir ainda se as vítimas foram mortas por bandidos ou pelas forças de segurança. A polícia e as Forças Armadas disseram que seus membros não estavam na região de mata onde as vítimas foram atingidas.

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