Mineradora afirma ter controlado vazamento em MG; Procuradoria investiga 

Duto da Anglo American rompeu e despejou polpa de minério em ribeirão em Santo Antônio da Grama

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Rio de Janeiro e Belo Horizonte

A mineradora Anglo American anunciou nesta terça-feira (13) medidas para reparar o rompimento de um mineroduto em Santo Antônio do Grama (MG), a 230 quilômetros de Belo Horizonte, como filtros e uma nova adutora. 

A captação de água na cidade foi interrompida às 10h desta segunda (12). A tubulação rompeu às 7h42 na zona rural do município, derramando 300 toneladas de polpa de minério de ferro no ribeirão Santo Antônio. 

O Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para investigar as causas do rompimento e os responsáveis. Foram solicitadas informações ao Ibama, à Copasa (estatal de fornecimento de água) e à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais. 

O Ministério Público de Minas Gerais, por sua vez, ajuizou uma ação civil contra a Anglo American em que pede o bloqueio de R$ 10 milhões da mineradora para garantir a reparação e indenização dos danos sociais e ambientais. 

A ação pede ainda que a Anglo American seja obrigada a retirar os poluentes em 72 horas, a fazer um cadastro dos moradores afetados pela falta de água e a realizar uma auditoria ambiental. A Justiça deve analisar os pedidos.

Segundo informações preliminares da Promotoria, houve o vazamento de 450 m³ de minério durante 45 minutos. No ribeirão afetado, o nível de turbidez aumenta de 75,1 NTU (unidade de turbidez) em local anterior ao vazamento para 837 NTU em ponto posterior. 

Segundo a Anglo American, porém, o despejo de polpa de minério de ferro no rio durou 25 minutos ---depois disso somente água foi bombeada na tubulação por cerca de 11 horas. A mineradora afirma que a situação está controlada e o vazamento foi estancado.

Ainda de acordo com a empresa, a polpa, formada de minério de ferro (70%) e água (30%), é classificada como resíduo não perigoso pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 

Entre as medidas anunciadas pela mineradora estão implantação de filtros ao longo do rio para conter sedimentos, construção de uma bacia de contenção e monitoramento da qualidade da água em 30 locais. A tubulação danificada também está sendo reparada.

Quanto ao abastecimento de água, a Copasa e a Anglo American decidiram construir uma adutora no ribeirão Salgado, para que Santo Antônio do Grama tenha uma fonte alternativa de captação. A obra deve ser entregue em três dias. 

A mineradora enviou nove caminhões-pipa para os moradores da cidade nesta terça. Na segunda, dois dos três caminhões enviados não puderam ser usados por má qualidade da água. 

Em nota, a empresa afirma: "Todas as medidas estão sendo tomadas de forma transparente e dentro dos mais elevados padrões de segurança, de forma a minimizar transtornos às pessoas e ao meio ambiente". 

O mineroduto liga uma mina em Conceição do Mato Dentro (MG) ao Porto do Açu, no litoral norte do Rio. O projeto foi idealizado pelo empresário Eike Batista, mas vendido à Anglo American em 2008.

Com 525 quilômetros de extensão, o mineroduto Minas-Rio corta 32 municípios em Minas e no Rio. A tubulação foi inaugurada em 2014.

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