Macarrão deixa presídio em Minas após oito anos e fala em ter segunda chance

Amigo do goleiro Bruno, ele foi condenado a 15 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio

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Macarrão de camisa vermelha e algemado desce de viatura escoltado por dois policiais armados
Macarrão, condenado pelo assassinato de Eliza Samudio, após a prisão em 2010 - Mastrangelo Reino - 03.dez.2010/Folhapress
Carlos Eduardo Cherem
Belo Horizonte | UOL

Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, 32, condenado pela morte da modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, foi solto pouco antes de 23h desta sexta-feira (2). Ele deixou a Penitenciária Pio Canedo, em Pará de Minas (83 km de Belo Horizonte) após conseguir na Justiça autorização para cumprir o restante da pena em regime domiciliar.

"Eu errei. Não sei se a palavra certa é merecer. Mas acho que qualquer ser humano tem que ter uma segunda chance", afirmou Macarrão. "Realmente, eu não posso voltar atrás. Se pudesse, voltaria."

Preso desde 2010, Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado em novembro de 2012 por sua participação no homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) da modelo. Ele cumpriu pouco menos de oito anos da pena entre regime fechado e semiaberto.

Macarrão teve 425 dias abatidos da pena por trabalhar 1.134 dias e concluir 570 horas de estudos. Ele casou-se durante o período em que esteve preso e tem três filhos.

Agora, Macarrão vai cumprir o restante da pena em casa no regime domiciliar pois em Pará de Minas não há albergue para que os sentenciados cumpram o regime aberto.

Ao deixar a penitenciária, Macarrão ainda afirmou que não se considera um criminoso, embora confesse sua participação no homicídio, mas uma pessoa que estava levando uma "vida errada".

"Quero deixar bem claro: as pessoas que me conhecem hoje sabem que eu não sou um criminoso. Infelizmente, eu participei de um crime. Tive envolvimento nele", disse.

"O que me trouxe nisso tudo foi a ganância. Tem uma coisa na vida que é pior do que o dinheiro. É o poder. Quando você acha que pode tudo, [mas] você não pode nada", afirmou Macarrão.

"Nunca neguei meus delitos. O que eu cometi. Nunca fiquei dando uma de coitadinho, nem de santinho."

Eliza Samudio, grávida, posa de biquíni na praia
Eliza Samudio, quando ainda estava grávida de filho do goleiro Bruno - Reprodução

MANDADO

Macarrão recebeu o alvará de soltura no início da noite de quinta-feira (1º), mas foi impedido de deixar a prisão devido a um mandado de prisão que estava em aberto contra ele na Justiça do Rio de Janeiro, pelo sequestro de Elisa.

Fato é que o referido mandado não foi excluído do sistema do Judiciário quando, após a constatação do homicídio da modelo, o processo foi transferido para Minas. Na noite desta sexta, porém, o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) esclareceu a questão e um novo alvará foi expedido.

Macarrão terá de permanecer em casa de 19h até 6h do dia seguinte, fins de semana, feriados e dias santos e comprovar em 30 dias que arrumou um emprego. Não poderá consumir bebidas alcoólicas, portar armas e frequentar locais de "moral duvidosa". Terá de apresentar-se também todo mês ao juiz da Vara de Execuções.

O CASO

Ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, também condenado pelo crime, Eliza Samudio desapareceu em 2010 no Rio de Janeiro e seu corpo jamais foi encontrado. Segundo a denúncia, Bruno planejou a morte de Eliza porque não queria pagar pensão alimentícia para o filho da modelo, cuja paternidade ele não reconhecia.

Para cumprir a tarefa, envolveu uma série de amigos, em especial Macarrão, seu braço direito. Após alguns episódios de ameaças e agressões contra Eliza –que incluem tentativas de fazer ela abortar o feto– o jogador teria atraído a modelo com o argumento de que queria fazer um teste de DNA e assumir a criança.

Depois de ser agredida e sequestrada por Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro, no Rio de Janeiro, em 4 de junho de 2010, Eliza foi levada ao sítio do atleta em Esmeraldas (MG), no dia seguinte.

Além de Macarrão e Jorge, Fernanda Gomes de Castro, então amante do goleiro, acompanhou o grupo na viagem. Antes de chegarem ao sítio, eles pernoitaram em um motel em Contagem (MG).

Eliza ficou no cárcere, dentro do sítio, entre 6 e 10 de junho, até ser levada por Macarrão e Jorge ao encontro de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, contratado por Macarrão para matar a modelo. A modelo foi morta por asfixia e esganadura. Seu corpo foi esquartejado –partes foram jogadas a cães– e até hoje não foi encontrado.

Depois da morte de Eliza, o filho dela, ainda bebê, foi levado para o sítio em Esmeraldas, já que Bola não quis matá-lo, segundo a Promotoria. Quando o caso veio à tona, a criança foi levada por Dayanne Rodrihues do Carmo Souza, ex-mulher de Bruno, ao encontro de Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, que entregou o bebê para moradores do bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves. Lá, a criança passou de casa em casa até ser localizado pela polícia, em 26 de julho de 2010.

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