Descrição de chapéu Obituário Benedito Camargo Ferreira (1954 - 2018)

Mortes: Cebola da Timba, o batuque do oeste de SP

Irreverente e boêmio, sambista tocou com grandes nomes e tinha riso fácil

Paulo Gomes
São Paulo

De óculos escuros, Cebola foi abordado pela Polícia Militar. Depois de ordenarem que ele pusesse as mãos para trás e pedirem documento, os policiais perguntaram por que ele estava de óculos na cara. "Ora, mas os óculos são para usar aonde?", respondeu.

Tão indissociável de si quanto esse espírito irreverente era a musicalidade. Frequentador da Camisa Verde e Branco, o percussionista logo se destacou em grupos de samba e de pagode, tocando tantã e depois a timba, com a qual ficou conhecido.

Colaborou com grandes nomes, como Zeca Pagodinho, Elza Soares, Almir Guineto, Jorge Aragão, Bezerra da Silva, Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra e Clementina de Jesus.

Para a obra "Quem é Quem na Negritude Brasileira", de Eduardo Oliveira, Cebola declarou: "A música para mim é um bálsamo de paz. Ninguém vive sem ela".

Gostava de cozinhar --fazia um feijão fora de série-- e adorava uma cerveja. Às 8h da manhã, seu pão com manteiga já era acompanhado por uma gelada.

Atualmente, integrava as rodas no Ó do Borogodó e tocou no Traço de União, ambos em Pinheiros, na capital paulista.

Morreu no último dia 22, aos 63, por complicações decorrentes de uma pneumonia. Deixa a irmã e dois sobrinhos.

"Para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza", cantava Vinicius de Moraes. No velório de Cebola, o bocado de tristeza pela perda se transformou em alegria para os presentes celebrarem com um pagodão a memória da batucada de seu tantã (e de sua timba).

coluna.obituario@grupofolha.com.br


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