Primogênito em uma família de origem italiana, Sady foi escolhido ainda pequeno para se tornar padre. Nem sabia o que isso significava com seus pouco mais de cinco anos. Sabia só que deixaria a casa dos pais na cidade catarinense de Caçador para viver no seminário. Assim foi feito.
Com retornos apenas para visitas, recordava pouco da ajuda que toda a família dava no restaurante do pai, enquanto ele recebia uma educação rígida em colégios e seminários de Santa Catarina e depois de São Paulo. Suas brincadeiras eram a corrida de lesma e o futebol.
Mesmo com a formação e já perto do sacramento da Ordem –necessário para virar padre–, Sady decidiu mudar de rumo. Deixou o seminário e foi viver numa pensão na região de Perdizes. Tinha só um terno e duas cuecas ao começar a trabalhar no banco e a estudar direito na USP.
Na mesma época, conheceu Bel. Moravam na mesma rua quando iniciaram a paquera, que se tornou um casamento de mais de 50 anos.
Já formado, Sady se especializou em cartões de crédito. Trabalhou na Credicard por 25 anos e chegou a ser subprocurador geral da Fazenda Nacional. Seu grande orgulho, no entanto, era ser professor na PUC de São Paulo --ensinou por 40 anos, até perto dos 80.
O jeito contido e de poucas manifestações de carinho mudou aos poucos após deixar o mundo corporativo e com a chegada dos netos. Aproveitou mais o piano, os jogos do Corinthians e as suas viagens.
Foi em um desses passeios que sofreu um acidente de carro no dia 19, morrendo aos 81. Deixa mulher, três filhos, nora, genros e sete netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Mortes: Do preparo para padre aos cartões de crédito
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