Descrição de chapéu Rio de Janeiro

OAB do Rio diz que morte de Marielle pode ser reação de corruptos e cita Riocentro

Presidente da entidade cobrou resolução rápida de atentado contra vereadora do PSOL 

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Rio de Janeiro

O presidente da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, disse na tarde desta quinta (15) que uma reação "dos setores corruptos" da segurança pública pode ser uma das hipóteses da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Ela foi assassinada na noite de quarta (14) com quatro tiros na cabeça no Estácio, zona norte da cidade.

"É óbvio que quando se mexe em estruturas consolidadas da segurança pública pode se ter uma reação. Por que não não aceitar que os setores prejudicados com as mudanças, os corruptos, estão reagindo e tentando colocar o Estado brasileiro em xeque?", indagou o presidente da OAB, após encontro com os militares interventores na segurança pública no Rio.

Na quarta, quatro policiais militares foram presos numa operação contra uma milícia que atuava em Mesquita, na Baixada Fluminense. No mesmo dia, comandantes do Exército realizaram uma inspeção num Batalhão da PM no Rio.

"Cobrando uma resolução rápida da morte da Marielle. Mas precisamos ter fatos. Não é tempo para teorias. Mas vale lembrar que o atentado do Riocentro foi uma conta-ofensiva contra a democratização", acrescentou o presidente da OAB.

O atentado realizado em 1981 matou um sargento do Exército no estacionamento do Riocentro, que abrigava um show em homenagem ao Dia do Trabalhador.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, em 2014, o episódio foi classificado como um ato de "terrorismo de Estado contra a população".

VIOLÊNCIA NO RIO

Marielle Franco, 38, foi morta na noite de quarta, junto do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, quando voltavam de uma roda de conversa intitulada “Jovens Negras Movendo Estruturas”. O carro em que estavam foi atingido por nove tiros. A polícia trabalha com a hipótese de execução. Uma assessora que estava no banco de trás sobreviveu.

O assassinato da vereadora ocorreu dois dias antes de a intervenção federal na segurança pública do estado completar um mês. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe das forças de segurança do estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado. Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso.

Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição. A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente no ano passado 134 policiais militares foram assassinados no estado. Policiais, porém, também estão matando mais.

Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu —estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.

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